Um dos técnicos mais importantes do Futebol brasileiro nos deixou. Valdir Espinosa, gaúcho de 72 anos, não resistiu a complicações após uma operação no estômago, realizada no dia 17, e morreu, nesta quinta-feira (27), no Rio de Janeiro. A informação foi divulgada pela assessoria do Botafogo, clube onde o emblemático ex-técnico exercia o cargo de dirigente de futebol. Espinosa teve passagens vitoriosas também pelo Grêmio, onde conquistou a Libertadores e o Mundial de Clubes, em 1983.

De Porto Alegre a Bento Gonçalves, de atleta a técnico

O gaúcho, de Porto Alegre, começou sua carreira de atleta no Grêmio, em 1968, aos 21 anos, como lateral-direito.

Valdir Espinosa permaneceu no tricolor gaúcho até 1973, quando rumou para a Bahia para jogar no Vitória. Foi aí que passou a atuar nas duas laterais e onde conheceu um dos seus grandes amigos do futebol: o saudoso Mário Sérgio, na época meio-campo referência na equipe baiana. Espinosa ainda seria técnico do amigo no Grêmio, anos mais tarde.

Em 1974, Valdir Espinosa continuou no nordeste, mas passou a vestir outras cores. Foi contratado pelo alagoano CSA, onde foi campeão campeão estadual. Acabou se transferindo para o rival, CRB, e também teve sucesso em Alagoas. Campeão estadual de em 1976 pelo Galo da Pajuçara.

Espinosa voltou ao Rio Grande do Sul logo depois de sagrar-se campeão alagoano, desta vez para atuar pelo Esportivo, de Bento Gonçalves, onde encerrou a carreira e, em 1979, iniciou sua carreira como técnico.

No Grêmio, Valdir Espinosa atinge o topo do mundo do futebol

Após iniciar carreira como técnico do Esportivo, que tinha em seu elenco o então jovem atacante Renato Gaúcho e onde sagrou-se campeão do interior, Valdir Espinosa teve passagens marcantes no Ceará e no Londrina, conquistando estaduais pelas duas equipes. Foi justamente o início promissor que o levou para de volta à Porto Alegre, para treinar o Grêmio, em 1983.

Com uma equipe formada por jogadores como Mazarópi, lendário goleiro, Hugo de León, Baidek, Tita, Cesar, Caio e, naquela época já estrela, Renato Gaúcho, Valdir Espinosa levou o tricolor gaúcho à conquista da América. Após vencer o Penãrol no Estádio Olímpico, o Grêmio foi, finalmente, campeão da Libertadores de 1983.

Mas 1983 ainda não tinha acabado, e o Grêmio de Espinosa e Renato Gaúcho ainda alcançaria o topo do mundo do futebol.

Reforçados com as chegadas de Mário Sérgio e Paulo Cézar Caju, o Grêmio venceu o Mundial de Clubes após derrotar o Hamburgo, da Alemanha.

Trajetória após Mundial

Depois de levantar a taça de campeão mundial de clubes, Valdir Espinosa ainda foi campeão estadual pelo Grêmio em 1986. Considerado um dos mentores de Renato Gaúcho, ambos voltariam a trabalhar juntos somente em 2016. Renato como treinador e Espinosa na coordenação do futebol, levaram o tricolor ao título da Copa do Brasil.

Em 1987 Espinosa rumou para o Cerro Porteño, dando início a uma extensa e vitoriosa carreira como treinador. Fora do Brasil esteve no Al-Hilal, da Arábia Saudita e no japonês Tokyo Verdi. No Brasil, passou por praticamente todas as grandes equipes do país: Athletico-PR, Atlético-MG, Botafogo, Corinthians, Coritiba, Flamengo, Fluminense, Palmeiras, Portuguesa e Vasco.

Em 2020 voltou ao Botafogo para assumir o cargo de gerente de futebol. Na equipe carioca teve uma bonita história como treinador, ao ser Campeão Carioca em 1989, 21 anos depois do último título oficial do clube.

Depois de pedir licença para fazer uma cirurgia no estômago, Valdir Espinosa não resistiu a complicações pós-operatórias. O velório será ainda nesta quinta-feira, das 15h às 22h, no Salão Nobre da sede do Botafogo, no Rio de Janeiro.