Aquele passeio de gôndola pelos canais de uma das cidades mais românticas do mundo pode estar mais distante daqueles que pretendem ou pretendiam visitar Veneza, cartão postal da Itália.

Não teve jeito mesmo: depois de reuniões, debates e conversas, a cidade de Veneza vai implantar, a partir do ano que vem, uma taxa de visitação a ser cobrada naqueles períodos mais agitados (leia-se alta temporada do ponto de vista turístico). Serão cinco euros por um dia de visita a Veneza.

O critério para o pagamento contempla todos aqueles que vão conhecer a cidade, mas que não permanecerão nela; ou seja, não farão pernoite.

Quem tiver idade superior a 14 anos, está habilitado a tirar do bolso os cinco euros.

Tirando a limpo essa história

Essa taxa será aplicada especialmente nos fins de semana e feriados, períodos em que há um movimento muito grande de visitantes à cidade das gôndolas.

Porém, o governo local afirma que a medida não tem caráter permanente; ela está enquadrada numa fase experimental de 30 dias descontinuados.

Luigi Brugnaro é o presidente da Câmara Municipal e diz que “isso não significa fechar a cidade. Veneza sempre permanecerá aberta a todos.”

O objetivo principal é encontrar um equilíbrio entre os que vivem e moram em Veneza e os que vêm a ela para fazer turismo.

Aliás, os estudantes, moradores e trabalhadores estão isentos de pagar a taxa.

Quem participa de eventos esportivos sediados em Veneza também estão livres de desembolsar a quantia.

É preciso passar uma lupa nesta decisão, pois melhorias nas instalações e na infraestrutura são considerados pontos de atenção, uma vez que o lixo gerado pelos turistas é grande. O que se espera é que o pagamento da taxa de entrada cubra o custo das reservas efetuadas durante o período de alta procura.

Na verdade, as reservas funcionariam como uma identificação e quantificação de pessoas que frequentarão ou passarão seus dias em Veneza e, consequentemente, obrigará a gestão dos serviços em função desse contingente.

Discussão não é nova

Os acenos relativos à cobrança já vinham desde 2019 e havia o consenso de que o pagamento estipulado não deveria ultrapassar o valor de dez euros.

Em consulta popular e por pressão da oposição na Câmara, esse valor foi diminuído para cinco euros.

Essa proposta é inédita no mundo e, portanto, a cidade dos gondoleiros torna-se a primeira a adotar uma espécie de “ingresso” para entrar e conhecê-la.

Mas nem tudo é um mar de rosas ou cantoria pelos canais de água: no mês passado a Unesco (braço da ONU dedicado à cultura) fez uma ameaça: cogitou em retirar a cidade italiana da lista de Patrimônio da Humanidade, visto que o impacto do turismo massificado no local estava causando muitos problemas. Outro motivo alegado pela Unesco está na falta de cuidados e de conservação causados pelas mudanças climáticas, afetando a arquitetura de seus prédios e edificações.