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Pearl Fernandez, de 34 anos, e seu namorado, Isauro Aguirre, de 37, foram considerados culpados pela morte de Gabriel Fernandez, de apenas 8 anos, no dia 7 de junho, após julgamento no Tribunal Superior do Condado de Los Angeles.
Gabriel era filho de Pearl, que admitiu punir o garoto repetidamente por acreditar que ele seria gay.
A morte do menino aconteceu ainda em 2013, na cidade de Palmdale, Califórnia. No dia 22 de maio daquele ano, Pearl ligou para a emergência dizendo que seu filho havia parado de respirar, alegando que ele havia caído e batido a cabeça em um armário. Dois dias depois, Gabriel faleceu devido a um trauma contundente e negligência, segundo registro médico. O exame do corpo também identificou uma fratura no crânio, costelas quebradas e várias marcas de queimadura.
Após investigação, com a ajuda de testemunhas, incluindo os irmãos de Gabriel, detetives descobriram que o menino sofria repetidas sessões de tortura, sendo punido sempre que a mãe e o padrasto o viam brincando com bonecas.
Além de ser chamado de gay e ser forçado a ir à escola usando vestidos, Gabriel chegou a ser espancado, amarrado, obrigado a passar forme, preso em um armário e até mesmo a tomar tiros com arma de borracha ou ter spray de pimenta espirrado contra seu rosto. Em uma ocasião, teve seus dentes arrancados com um taco de beisebol.
Diversas vezes, agentes do serviço social foram à casa de Fernandez e Aguirre para investigar denúncias de abuso contra as crianças do casal, mas não encontraram nada. Diante da morte de Gabriel, promotores formalizaram suas denúncias contra quatro agentes sociais por abuso infantil e falsificação de registros.
Em fevereiro, Pearl se declarou culpada da morte do filho, a fim de evitar receber a pena de morte.
Depois de deliberação por um júri popular, ela foi sentenciada à prisão perpétua sem possibilidade de condicional e Isauro recebeu a pena de morte por assassinato e tortura deliberada. Ao proferir a sentença, o juiz George Lomeli declarou que esperava que ambos acordassem no meio da noite com a lembrança daquilo que fizeram e que fossem torturados pelas imagens dos atos hediondos.
O assassinato de Gabriel traz um retrato extremo da homofobia e de como a violência contra uma pessoa, apenas por seu jeito afeminado associado à homossexualidade, pode atingir níveis absurdos. A morte do garoto talvez tenha sido pontual; muitos sobrevivem a abusos sistemáticos durante a infância promovidos por familiares e colegas, e acabam por internalizar o preconceito e a violência que poderão assombrá-los até a idade adulta.