O presidente Jair Bolsonaro (PSL) concedeu nesta última quarta-feira (23), em Davos, na Suíça, uma entrevista à agência Bloomberg, na qual afirou que seu filho mais velho, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), terá que pagar, caso fique provado que ele errou.

"Se por acaso ele errou, e isso for provado, eu lamento como pai, mas ele terá que pagar o preço por essas ações que não podemos aceitar", disse o presidente.

Segundo a agência, as investigações envolvendo o filho do presidente da República poderão "minar a agenda anticorrupção do presidente".

Flávio na berlinda

Flávio Bolsonaro, que foi eleito senador pelo Rio de Janeiro em 2018, está sendo cobrado a dar explicações desde quando foram divulgadas movimentações financeiras atípicas no valor de R$ 2 milhões por seu ex-assessor Fabrício Queiroz. Essas movimentações foram registradas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Uma dessas transações na lista do Coaf a cheques no total de R$ 24 mil depositados na conta da primeira-dama, Michele Bolsonaro. O presidente explicou que se trata do pagamento de parte de um empréstimo de R$ 40 mil.

A situação se agravou para Flávio Bolsonaro depois que o Jornal Nacional, da Rede Globo, mostrou uma lista do Coaf que apresenta 48 depósitos em dinheiro de R$ 2 mil no intervalo de 12 meses, e teriam sido depositados na conta do senador eleito.

Segundo ele, esse dinheiro seria parcela do pagamento da venda de uma cobertura em Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

Essa transação foi confirmada por Fábio Guerra, que é ex-atleta, e que teria adquirido a cobertura. Porém, as datas não coincidem com os depósitos e os pagamentos que Fábio fez da cobertura do imóvel.

Documentos mostram que Flávio empregou esposa e filha de homem ligado a milícia no RJ

Nesta terça-feira (22), após uma operação envolvendo o Ministério Público contra milicianos no Rio de Janeiro, também foi mostrada uma informação de que Flávio Bolsonaro tinha como funcionária a esposa e a filha de um ex-capitão da Policia Militar do Rio de Janeiro, Adriano Magalhães da Nóbrega, que é apontado como homem-forte do Escritório do Crime.

Essa organização é suspeita de assassinar a vereadora Marielle Franco, do PSOL.

A esposa de Adriano, Danielle Mendonça da Costa, foi empregada no cargo em 2007, poucos meses depois de Fabricio Queiroz começar a trabalhar no gabinete da Alerj, onde permaneceu por 11 anos.