A decisão monocrática do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de anular a aprovação de 50 senadores pelo voto aberto para a Presidência do Senado, trouxe sérias preocupações para integrantes do Governo de Jair Bolsonaro. Para eles, o ministro interferiu em um Poder que não está diretamente sob a sua responsabilidade. A decisão de Toffoli acabou causando uma imensidão de críticas de vários parlamentares que não concordaram com a atitude do ministro. Major Olímpio, por exemplo, chegou a afirmar, em seu discurso neste sábado (02), na tribuna do Senado, que Toffoli já tinha essa decisão preparada muito antes.
Para anular a aprovação dos senadores por 50 votos a 2, Toffoli atendeu um pedido do MDB, cujo candidato é Renan Calheiros, e do Solidariedade. Os parlamentares decidiram então que a votação não seria por urna eletrônica, e sim, por cédula, para, segundo eles, amenizar possíveis equívocos na votação. Dessa forma, alguns senadores poderiam também levantar as cédulas e informar para quem votou.
Na avaliação dos interlocutores de Bolsonaro, não importa o resultado da votação, a decisão do ministro poderá acarretar "sequelas" a outras votações importantes, como a reforma da Previdência.
Para os interlocutores, o governo sai perdendo diante dessa confusão entre os Poderes ainda mais com o pedido de Jair Bolsonaro para que haja neutralidade na opção do voto de sua equipe.
Ditadura do Judiciário
Um dos pontos temidos por assessores que trabalham no Planalto é o surgimento de uma "ditadura do Judiciário", que afetaria os anseios do povo brasileiro. Para eles, Toffoli demonstrou uma clara interferência no Senado. Um Poder interferir no outro pode acabar desgastando medidas importantes a serem tomadas pelo governo.
Conforme divulgado pelo Jornal O Estado de S. Paulo, um dos assessores chegou a criticar o Supremo dizendo que, ao invés de passar segurança jurídica, está apenas tumultuando a relação entre os Poderes. Esse assessor também não concorda que decisões monocráticas decidam o futuro do país.
Dificuldades pela frente
Interlocutores acreditam que o governo terá muitas dificuldades e o cenário que está se formando pela frente ainda é considerado sombrio.
Um dos pontos destacados pelos assessores é a inexperiência política que alguns parlamentares do PSL ainda possuem por serem novatos no Congresso. Eles podem se dividir e tomar decisões isoladas conflituando interesses do próprio governo.