Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, delatou o irmão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Conforme delação premiada firmada através das investigações da Operação Lava Jato, Léo Pinheiro disse que José Ticiano Dias Toffoli, ex-prefeito da cidade de Marília, no interior São Paulo, recebeu propina e também recursos de caixa dois para a campanha eleitoral do político.
O irmão do ministro do Supremo foi prefeito de Marília pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo informações da Folha de S.Paulo, Dias Toffoli não foi citado na delação premiada.
O ex-presidente da OAS contou que conheceu Ticiano Toffoli em 2001, durante um jantar em Brasília. Na ocasião, também estava presente Antonio Carlos Guilherme de Souza Vieira, conhecido como Sojinha, que na época atuava como presidente do Departamento de Água e Esgoto de Marília (DAEM).
A OAS então analisou o pedido vindo da Prefeitura de Marília e sinalizou que era algo viável economicamente. Um dos representantes da empreiteira reuniu-se com Sojinha e Ticiano Toffoli, a partir da reunião foi então informado o interesse de assumir a obra.
Contudo, a reunião também trouxe em evidência um pedido de propina.
Segundo delação de Léo Pinheiro, o pedido de propina foi no valor de R$ 1 milhão. A finalidade do recurso seria para comprar a renúncia do então prefeito do município de Marília, Mário Bulgareli, do PDT.
Resolução do caso
A OAS topou o acordo, compactuando com o pagamento de propina para a troca de comando da Prefeitura de Marília. Léo Pinheiro disse que o acordo foi realizado no dia 5 de março de 2012. Mário Bulgareli renunciou ao mandato e abriu caminho para colocar no poder o irmão de Dias Toffoli. Com isso, a licitação da obra foi encaminhada, já que Sojinha atuava no DAEM.
Na época, Mário Bulgareli não havia justificado o motivo de renunciar o cargo oficialmente.
Entretanto, familiares apontaram que Bulgareli estava com problemas de saúde. No mesmo dia em que se afastou do cargo, a Câmara Municipal de Marília iria votar em duas comissões contra o prefeito por desvio de verbas.
Novo prefeito também procurou a OAS
Após Ticiano Toffoli, o novo prefeito de Marília, sucessor no cargo, também teria procurado a empreiteira OAS para exigir dinheiro de propina. O ex-presidente da empreiteira relata que o deputado estadual Vinícios Camarinha, eleito em 2018, recebeu vantagens indevidas da OAS. Os pagamentos foram realizados até março de 2014 com o importe de 3% do valor da obra.