O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, reuniu-se nesta quinta-feira (7) com advogados do Iasp (Instituto dos Advogados de SP) e debateu com eles um pouco sobre o projeto anticrime que visa fortalecer o combate à corrupção, aos crimes violentos e ao crime organizado. Ele chegou a brincar com os advogados após citar a importância de registrar conversas entre os presos e seus visitantes.
No almoço estavam presentes os advogados Miguel Reale Jr, um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que já defendeu o ex-presidente Michel Temer, Rui Celso Reali Fragoso, Luis Felipe Cunha, o presidente do Iasp, Renato Silveira e os juristas renomados, Modesto Carvalhosa e Ives Gandra Martins.
Também estava com eles o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Carlos Thompson Flores, que, no ano passado, deu a palavra final e impediu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fosse solto mediante uma decisão do desembargador plantonista Rogério Favreto.
O assunto debatido entre eles foram as propostas que envolviam o pacote anticrime criado pelo Governo. As medidas apresentadas pelo ministro acabaram não convencendo a todos e ele recebeu duras críticas.
Críticas de Reale Jr.
De acordo com Miguel Reale Jr., Moro só pensou na possibilidade de antecipar a ida das pessoas para a cadeia e retardar a saída. No entanto, o professor de Direito Penal acredita que isso não vai resolver absolutamente nada.
No encontro, Reale Jr. afirmou que o problema não está no sistema Judiciário e nem na lei, mas sim na ineficiência da polícia e das investigações no país.
Na concepção do professor, o projeto de Moro é uma "ilusão penal". Segundo ele, essas ações não irão intimidar o criminoso. "O pior é que ele (Moro) acredita que vai dar certo", disse Reale Jr.
Debate positivo
Thompson Flores vê um lado positivo em Moro ao debater com os advogados esse projeto. Conforme seus dizeres, antes Moro tinha a palavra final quando era juiz, agora chegou o momento de ouvir a todos e fazer negociações.
Moro também brincou ao citar uma das propostas polêmicas em que ele defende que as conversas dos presos sejam gravadas ao receberem visitas, com exceção dos seus defensores.
"Não me olhem com fúria", falou em tom de brincadeira o ex-magistrado que coordenou a Operação Lava Jato. Além disso, ressaltou que todos deverão ter muita tolerância com as opiniões diferentes de cada um. Ao sair do almoço, Moro estava com cinco agentes da Polícia Federal (PF) fazendo a sua segurança.