O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, decidiu convidar o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para um almoço nesta terça-feira (26), juntamente com membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As informações são do blog do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
O convite foi feito após uma entrevista dada por Sergio Moro à rádio BandNews durante a manhã. Após Moro ter ficado em um suposto silêncio diante das ameaças relatadas pelos ministros da Corte com ataques diretos vindos do Congresso Nacional, Toffoli percebeu um aceno do ex-magistrado da Lava Jato ao tribunal, conforme interpretação do blog.
Em sua entrevista, Moro se mostrou favorável a diálogos com o Congresso e o Judiciário para que o pacote anticrime seja aprovado. O ministro também ressaltou que o tempo da política é um pouco diferente e tem que ser respeitado. Vale ressaltar que Moro e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tiveram, recentemente, um atrito, após o ministro cobrar agilidade para a aprovação do seu projeto. Maia criticou a proposta defendida por Moro dizendo ser apenas um "copia e cola" de um projeto já apresentado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
Interesses em jogo
Conforme publicado no blog, há interesses das duas partes nesse almoço de quarta. Moro precisa do Congresso e do Judiciário a favor para conseguir aprovar seu pacote anticrime.
Já o presidente do STF tenta neutralizar recentes ataques contra o tribunal. Uma das preocupações de Toffoli é com a CPI conhecida como Lava Toga, que investigaria supostas irregularidades em tribunais superiores.
Em sua entrevista, Moro disse que a CPI da Lava Toga cabe ao Legislativo, no entanto, afirmou que a insatisfação com decisões da Corte não devem se transformar em atos de ódio.
Conforme dizeres do ministro da Justiça, o STF está sujeito à crítica da opinião pública, como qualquer outra entidade. Contudo, é necessário que reações exageradas sejam evitadas.
Recados claros
Para o jornalista Lauro Jardim, as declarações de Moro surtiram efeito e mexeram com Toffoli, que viu um aceno diante deste momento conturbado que envolve os Poderes. A estratégia do ex-magistrado que conduziu a Lava Jato no Paraná é conseguir apoios para que suas ações contra o crime organizado e a corrupção sejam recebidas e levadas adiante.