Na noite da última sexta-feira (15), o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) levou ao ar uma entrevista exclusiva com um dos principais juízes da força-tarefa de investigações da Operação Lava Jato: o magistrado Marcelo Bretas. Ele é o responsável pela condução dos processos em primeira instância, a partir da Sétima Vara Federal Criminal da Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

Vale ressaltar que a entrevista de Marcelo Bretas ao repórter Daniel Adjuto foi concretizada anteriormente à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que acabou delimitando que casos relacionados à corrupção conectados a crimes de caixa dois possam ser julgados no âmbito da Justiça Eleitoral, ao invés da Justiça Federal.

Ao comentar sobre a situação do futuro da Operação Lava Jato, Marcelo Bretas disse que um eventual "retrocesso", a depender a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), poderia significar um golpe na força-tarefa de investigação.

Casos julgados pela Lava Jato no Rio de Janeiro

Dentre os processos julgados pela Operação Lava Jato, a partir da Justiça Federal do Rio de Janeiro, que é comandada em primeiro grau pelo juiz Marcelo Bretas, há vários processos concluídos, como por exemplo o do ex-governador carioca Sérgio Cabral, por crimes relacionados a caixa dois, em se tratando de corrupção e lavagem de dinheiro.

Um dos principais receios é que esses julgamentos concluídos na Justiça Federal possam ser anulados e encaminhados para a Justiça Eleitoral.

Marcelo Bretas concluiu que conforme fora decidido pela Suprema Corte Brasileira, o resultado poderia se confirmar num "retrocesso" nas investigações que tramitam no âmbito da maior operação anticorrupção em toda a história contemporânea do país: a Lava Jato, da Polícia Federal.

O juiz considera que a Operação Lava Jato seja diferente do conjunto das outras investigações.

Isso porque, segundo o magistrado, a Lava Jato trata-se da forma pelo qual um setor da Polícia Federal, um setor do Ministério Público Federal e um setor do Poder Judiciário resolveram, de fato, lidar com os graves problemas da corrupção no Brasil.

Ainda durante a entrevista ao SBT, o magistrado federal ressaltou que assumiu a condução da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, em meados de 2015, quando o país atravessava um grande momento de "tensão".

Bretas revelou ainda que chegou a ser ameaçado de morte, juntamente com sua família, que passaram a ter proteção diária de agentes da Polícia Federal, além de serem escoltados por homens que pertencem ao Batalhão de Choque do Rio de Janeiro.

Ao comentar sobre convites para adentrar no mundo da política, Marcelo Bretas foi taxativo ao afirmar que não teve interesse, embora convidado várias vezes. O magistrado ressaltou: "de jeito nenhum", em relação à disputa de cargos públicos eletivos.