O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, tem colecionado algumas derrotas e sido alvo de polêmicas desde que entrou no Governo do presidente Jair Bolsonaro. Isso tem causado uma certa preocupação na Polícia Federal com os rumos que as investigações tomarão. Algumas incertezas envolvendo decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) também têm deixado parte dos agentes apreensivos. O clima é tenso e revela ares de instabilidade dentro da PF. As informações são do portal UOL.
Ao aceitar o convite de Bolsonaro, Moro chegou com o status de "superministro".
O presidente deu carta branca para ele e o deixou à vontade para arrumar a sua equipe da forma como melhor lhe convinha. Moro se cercou de delegados da PF e nomes que tiveram grandes êxitos na Operação Lava Jato. Entretanto, passaram-se alguns meses para que o ex-magistrado se deparasse com um cenário político diferente do que ele previa.
De acordo com o presidente da ADPF (Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal), Edivandir Paiva, a situação envolvendo os trabalhos de Moro causou preocupação na categoria. Contudo, Paiva afirmou que todos têm confiança no ministro e sabem da sua capacidade. O problema é que as crises que surgem acabam atrapalhando o andamento de seus trabalhos.
Polêmicas envolvendo Moro
As situações de crise que envolveram o ministro são várias, conforme declarações de Paiva e divulgadas pelo UOL. Primeiro, Moro foi voto vencido em relação ao decreto que flexibilizou o porte de armas. Em seguida, foi obrigado a desconvidar a especialista em segurança pública Ilona Szabó, diante da pressão de aliados Jair Bolsonaro e de seus filhos.
Para complicar ainda mais, Moro foi alvo de uma desavença com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Moro pediu para o pacote anticrime apresentado por ele tivesse mais agilidade em sua aprovação. Maia não gostou da pressão do ministro e falou que aquele projeto era apenas um "copia e cola" de uma outra proposta já apresentada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
Para um delegado da PF, que preferiu falar no anonimato, a crise que envolve Moro é por ele ainda ser inexperiente dentro da política. Segundo o delegado, não se pode cobrar o presidente da Câmara dessa forma. Esse atrito foi ocasionado pelo próprio ministro. No entanto, o delegado também vê que o ministro não tem culpa se o próprio presidente e seus entornos acabam criando confusões desnecessárias para o governo.
Decisões do STF
Um outro fator que preocupa a PF vem por parte do STF. Em abril, será julgado um possível novo entendimento do tribunal sobre o tema prisão após condenação em segunda instância. Caso haja um novo entendimento, muitos presos da Lava jato poderão conseguir sua liberdade.