Na noite de terça-feira (19), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, recebeu em seu celular uma mensagem de texto do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. No conteúdo da mensagem, o ex-juiz lamentava que tivesse sido criado um grupo de trabalho com a finalidade de analisar o seu pacote anticrime.

Quem determinou a criação do grupo, que tem o prazo de 90 dias para fazer a análise, foi Rodrigo Maia. Porém, a medida não foi vista com bons olhos pelo ministro. Moro explicou que o grupo seria um atraso para o trâmite do trabalho.

Segundo alguns relatos, Maia não ficou nada satisfeito com a crítica e se sentiu ofendido.

O presidente da Câmara dos Deputados deixou claro que não aconteceu nenhuma quebra no que havia sido anteriormente acordado. Segundo Rodrigo Maia, ele já teria avisado que não havia possibilidade do pacote tramitar ao mesmo tempo que a reforma da Previdência.

'Conhece pouco a política', diz Maia sobre Moro

Nesta quarta-feira (20), ao ser questionado sobre a situação, Rodrigo Maia intitulou Moro de "funcionário de Bolsonaro". "Acho que ele conhece pouco a Política", disse. Além disso, o presidente da Câmara comentou que o Ministro está indo além daquilo que é sua responsabilidade no cargo. Segundo ele, o diálogo sobre a situação cabe ao presidente da República, e não ao ministro.

Por fim, Rodrigo Maia afirmou que o pacote de Moro será analisado, conjuntamente com a proposta da comissão de juristas, mas em um momento adequado, o qual ocorrerá somente após a votação da reforma Previdenciária.

Ele ainda falou que o projeto é importante, mas não tem nada de novo, pois, segundo ele, foi copiado do ministro Alexandre de Moraes, do STF. "Copia e cola", declarou o deputado.

Sergio Moro chegou a emitir uma nota em resposta à situação. Ele disse que a sua expectativa é de que o projeto seja debatido com a urgência que o caso requer pelo Congresso Nacional, a fim de atender à necessidade que a população tem de uma resposta contra a violência. "Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais", alfinetou o ministro.