Nesta quarta-feira (24), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, acabou rebatendo críticas feitas contra sua pessoa por parte do ex-primeiro-ministro português José Sócrates. Moro foi chamado pelo português de "medíocre", além de ser considerado pelo ex-político como um ativista disfarçado no campo da política. O ex-magistrado da Operação Lava Jato por várias vezes já chegou a criticar a Justiça de Portugal por não ser capaz de punir políticos corruptos no tempo em que Sócrates estava no poder. O ex-chefe de Governo português afirmou que Moro era um juiz indigno e como pessoa era "lamentável".
Em uma entrevista ao programa "Fala Portugal", nesta terça-feira (23), que foi transmitido pela Record TV Europa, o ministro de Jair Bolsonaro disse que não iria responder às ofensas de Sócrates. "Em relação à pessoa particular, não debato com criminosos pela Televisão, por isso não vou fazer qualquer comentário", disse Moro. Vale ressaltar que o ex-primeiro-ministro já foi acusado de Corrupção em vários processos.
Sócrates disse à Agência Lusa que são repugnantes as declarações do ex-juiz federal. De acordo com o ex-político, nunca provaram nenhum crime contra ele e lamentou que Moro visse ele como um condenado que nunca foi julgado.
José Sócrates disse em uma entrevista na TVI24, nesta terça-feira (23), que Moro só chegou a ter destaque como juiz após condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Declarações de Moro
Na segunda-feira (22), em uma Faculdade de Direito de Lisboa, Moro disse que enquanto juiz havia colaborado com o Ministério Público português na Operação Marquês, que envolvia supostas irregularidades cometidas por Sócrates.
O ex-magistrado disse que o Brasil viveu momentos de grande tensão com o Mensalão e a Lava Jato diante de casos complexos de corrupção.
Entretanto, viu em Portugal uma realidade um pouco diferente em se tratando do índice de corrupção da Transparência Internacional. Contudo, Moro ressaltou que mesmo assim, Portugal não estava livre da corrupção e citou o caso de José Sócrates como exemplo. O ex-primeiro-ministro foi acusado de 31 crimes de corrupção, que envolveram fraudes fiscais.
No entanto, os processos contra ele ainda seguem em andamento.
Dificuldade institucional
Para o ministro da Justiça brasileiro, há uma grande "dificuldade institucional" em Portugal para que crimes de corrupção contra o ex-político português possam avançar na Justiça.
Moro também defendeu a delação premiada como um mecanismo eficiente para avançar nas investigações contra a corrupção. Esse mecanismo foi muito utilizado no Brasil pelos procuradores da força-tarefa da Lava Jato.
Para Moro, é importante que alguém de dentro de uma organização criminosa possa falar sobre o que acontece no seu centro. Em troca, ele ganha alguns benefícios da Justiça.