Diante da demora do Congresso em aprovar as reformas e da massiva manifestação dos estudantes e professores contra os cortes na educação realizada em grande parte do país na última quarta-feira (15), simpatizantes do governo de Jair Bolsonaro convocam para o próximo domingo (26) uma manifestação em apoio ao mandado do presidente.

Ansioso para aprovar suas reformas administrativa e previdenciária, bem como o polêmico pacote anticrime do Ministro da Justiça Sergio Moro, o presidente da República ameaça aumentar a tensão entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário ao avaliar participar das manifestações a seu favor.

Além disso, com esta estratégia Bolsonaro foi capaz de dividir ainda mais a Opinião de sua base aliada, que protagoniza com cada vez mais frequência discussões e desentendimentos nas redes sociais.

A divergência de opiniões

Bolsonaro avalia participar pessoalmente das manifestações convocadas por ele, mas ainda não deu um resposta oficial devido aos ''rachas'' internos que ocorrem dentro de seu Governo. Como é de amplo conhecimento da população brasileira, os aliados do presidente se dividem em duas vertentes que constantemente se chocam dentro do governo, os militares e os apoiadores do escritor Olavo de Carvalho.

Os seguidores do ''guru ideológico'' de Bolsonaro se mostram favoráveis ao movimento.

Contudo, os militares consideram que seria um erro a participação do chefe do Executivo nas passeatas pois se for pequena poderia representar uma perda de apoio político, por outro lado, se for massiva como as manifestações da semana passada a sua presença poderia aumentar as disputas entre os poderes.

A perda de aliados importantes

Outra consequência da convocação deste movimento pró-governo foi a perda de aliados que participaram ativamente em prol da eleição do Presidente Jair Bolsonaro, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e a parlamentar Janaina Paschoal (PSL-SP), que chegou até mesmo ser cogitada para ser candidata como vice-presidente.

Nas redes sociais, Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos líderes do MBL, deixa claro que o movimento não participará das manifestações de domingo por considerar a invasão ou fechamento do Congresso uma medida anticonservadora, antiliberal e antirrepublicana. Este ocorrido demonstra não apenas a perda do apoio de um importante aliado, mas também a baixa popularidade em que o atual governo se encontra.

Janaina Paschoal, por sua vez, escreveu em sua conta no Twitter uma série de mensagens na qual se posiciona contra o movimento pró-governo, além de criticar duramente a atitude de seus colegas parlamentares que também convocam a presença da população neste domingo. Janaina afirma não ter sentido esse movimento.

''Pelo amor de Deus, parem as convocações! Essas pessoas precisam de um choque de realidade. Não faz sentido quem está no poder convocar manifestações! Raciocinem! Eu só peço o básico! Reflitam!'' apontou a parlamentar.