O Governo de Jair Bolsonaro vive momentos de atrito entre dois grupos que são aliados do presidente. De um lado está Olavo de Carvalhom considerado o "guru" do clã do capitão reformado e um dos responsáveis por sua vitória nas eleições de 2018. De outro lado estão os militares, que possuem vários integrantes participando ativamente das decisões do governo. Entretanto, uma guerra surge entre eles.

O ex-comandante-geral do Exército, general Eduardo Villas Bôas, tentou acalmar a tropa que está incomodada com as críticas de Olavo. O escritor tem xingado principalmente o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz e o vice-presidente general Hamilton Mourão, chamado de "charlatão desprezível" por Olavo.

Em uma publicação nas redes sociais, nesta segunda-feira (06), Villas Bôas disse que Olavo tem passado do ponto e tem sido desrespeitoso com as Forças Armadas. O ex-comandante disse que o escritor às vezes demonstra ser doente, querendo tutelar o Brasil da forma como ele deseja.

Olavo também usou a internet para rebater o ex-comandante. Na madrugada desta terça-feira (7), ele disse que os militares se escondem "por trás de um doente preso a uma cadeira de rodas". Vale ressaltar que Villas Bôas possui um grave problema de saúde. Continuando seus ataques, Olavo chegou a citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro na ação do triplex de Guarujá.

Segundo o guru do clã Bolsonaro, nem mesmo Lula seria vil o bastante para se esconder atrás de um doente, conforme os militares fazem nesse momento.

Bolsonaro ameniza

O mandatário do Brasil divulgou uma nota, nesta terça-feira (7), exaltando o escritor pela luta contra a esquerda e disse que ele ajudou muito nas eleições de 2018.

No entanto, Bolsonaro lamentou as confusões entre Olavo e os generais e disse que isso é página virada. O presidente também declarou grande admiração pelas Forças Armadas.

Tensão nas casernas

Em uma conversa pelo WhatsApp, em que o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, os militares demonstram inconformismo com as críticas do escritor e citam que ele tem "planos bem concretos" para mudanças no cenário político.

Na visão desses oficiais, Olavo de Carvalho pretende dividir a direita e criar a extrema-direita.

Um oficial chegou a escrever que Olavo tem se reunido frequentemente com Steve Bannon, que, segundo ele, seria o mentor desse plano de extrema-direita, se referindo ao ex-estrategista de Donald Trump, conforme informou o jornal Estadão.

Muitos militares ainda veem Bolsonaro sem pulso firme para poder interromper as investidas de Olavo. Alguns deles chegam a pensar em sair do governo, mas temem que isso poderia prejudicar o país.