A atriz Deborah Secco se manifestou com indignação após o presidente da República Jair Bolsonaro criticar o filme "Bruna Surfistinha", na qual a global foi a protagonista. Bolsonaro havia dito que não se pode admitir que use dinheiro público para fazer filmes no estilo de "Bruna Surfistinha", o qual, segundo ele, é um grande desrespeito à família. As críticas do presidente aconteceram mediante a decisão desta última quinta-feira (18) de transferir o Conselho Superior de Cinema para o Ministério da Casa Civil. Esse órgão é responsável pelas políticas que envolvem o setor de cinema.
De acordo com uma entrevista divulgada pela revista Época, nesta sexta-feira (19), Deborah Secco afirmou estar chocada e muito triste com Bolsonaro. Segundo ela, há a necessidade de expôr para as pessoas todos os temas que envolvem a realidade brasileira, como é o caso da prostituição, tema base do filme. A obra conta a história real de uma moça que deixou a família para se prostituir e, em seguida, escreveu um blog com detalhes sobre seus casos.
Respeito às famílias
O mandatário brasileiro continuou suas críticas e disse que, embora não seja contra essa ou aquela opção, não aceita o ativismo em respeito à família brasileira.
Deborah, no entanto, ressaltou a realidade da vida de algumas garotas que, infelizmente, estão vivendo essa situação triste.
Ela disse que não queria nenhuma mulher nessa situação, mas sabe que existem várias desse jeito. Para a atriz, não adianta esconder algo que existe no país. Ela enalteceu que o filme trouxe para ela uma nova visão sobre esse assunto.
O filme "Bruna Surfistinha" acabou fazendo grande sucesso em 2011. Ele teve um custo de R$ 4 milhões e captou recursos federais da Lei Audiovisual, onde pessoas podem financiar obras de cinema, conseguindo renúncia fiscal.
O filme gerou uma renda de R$ 20 milhões e se tornou inspiração para a criação da série "Me Chama de Bruna", da Fox, que já está indo para a sua quarta temporada.
Mais reação
O produtor do filme "Bruna Surfistinha" também reagiu diante das declarações do Bolsonaro. Em entrevista ao jornal O Globo, Roberto Berliner afirmou ser a favor da liberdade de expressão e ressaltou que foi um orgulho trabalhar nessa obra.
Ele disse que ainda continuará na luta para falar sobre temas polêmicos como prostituição e hipocrisia.
O diretor do filme, Marcus Baldini, reforçou o pensamento do produtor e comentou acerca da importância econômica que o filme proporcionou. De acordo com ele, o filme gerou mais de 500 empregos, pagou milhões de impostos, gerou receita ao Governo e teve várias premiações.
O ex-ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, também repudiou as declarações de Bolsonaro, dizendo que elas são irresponsáveis e autoritárias.