No final da tarde da última terça-feira (23), a Polícia Federal Rodoviária interrompeu professores sindicalizados em uma reunião que tinha como objetivo planejar manifestações contra o Presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), no estado de Manaus.

Dentre os participantes da reunião estavam Yuri Dantas Barroso, advogado, professor de direito constitucional da Ufam e coordenador do Movimento Brasil Popular (MBP), e Ana Cristina Rodrigues, que é a presidente do Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas).

Segundo as informações do portal UOL, os professores relataram que os policiais haviam permanecido no local por cerca de meia hora, fazendo questionamentos acerca de qual seria a entidade que estava se reunindo e o que estavam planejando para a chegada de Bolsonaro à Manaus, já que está previsto que o presidente faça uma visita ao estado na próxima quinta-feira (25).

Yuri afirmou que os policiais disseram que estavam apenas cumprindo o papel que lhes cabia, entretanto, mesmo sendo educados, o professor disse que havia estranhado a atitude dos policiais em interromper a reunião e fazer os questionamentos.

Segundo o professor, a situação era atípica. Ele disse ainda que não se lembrava de ter vivido algo semelhante desde a época em que a Constituição Federal passou a garantir os direitos de livre manifestação de pensamentos e ideias.

Yuri destacou ainda que de acordo com a Constituição há suporte necessário para que as manifestações e reuniões sejam feitas sem avisar previamente as autoridades. Por conta disso, ele estranhou a chegada dos policiais ao local em que estavam de forma pacífica elaborando as manifestações que estão previstas para ocorrer no dia da visita do presidente ao estado.

A reunião realizada pelos professores prosseguiu após os questionamentos feitos pelos policiais. Esteve presente na reunião Gilberto Ferreira, que é diretor do Sinteam.

Ele afirmou que os policiais foram gentis e denominou o ocorrido como um retorno à época em que se manifestar pacificamente era inibido pelas Forças Armadas.

Assessoria do CMA nega acusações

A assessoria da PRF foi procurada pela reportagem do UOL, entretanto, um dos policiais que estava de plantão disse que não seria autorizado a passar informações por telefone e afirmou que qualquer esclarecimento poderia ser feito na sede do órgão na assessoria de comunicação, durante o horário de funcionamento.

Em nota, o Comando Militar da Amazônia (CMA) disse que não ficou sabendo desta ação dos policiais e não sabiam também da realização da reunião, bem como não reconhece qualquer ordem oriunda de suas unidades para tal.