Conforme destacado na Folha de S.Paulo, nesta quarta-feira (28), alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, que inclusive defendem um freio na Operação Lava Jato, acabaram se surpreendendo com a decisão da colega Cármen Lúcia. Ela votou pela anulação da sentença imposta pelo ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ao ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine. Na visão de um ministro da Corte, que não foi identificado na reportagem, as mensagens divulgadas entre Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol, a chamada "Vaza Jato", podem ter ocasionado um novo tipo de opinião formado pela ministra.

De acordo com a matéria, o voto da ministra, que sempre se mostrou firme aos anseios da Lava Jato, inclusive sendo uma pessoa resistente quando estava no comando do STF em não deixar as coisas fáceis para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, causou um grande impacto entre seus colegas. Ninguém acreditava que ela iria votar contra uma sentença do ex-magistrado Moro, a qual já se decidiu por várias vezes a favor das condenações proferidas por ele.

Bendine foi salvo pela Segunda Turma da Corte. Muitos acreditavam que ele poderia ter a sua sentença anulada não pelo voto da ministra, mas sim, por um possível empate na votação, já que o decano do STF, Celso de Mello, esteve ausente nessa votação.

Colegas da magistrada afirmaram que ela tem estado um pouco reflexiva nos últimos meses, e que pode ter notado algum tipo de omissão do Supremo frente a abusos de autoridades, segundo informou a Folha.

O voto da ministra acontece diante de novas revelações do site The Intercept que cita supostas ironias e teorias de conspiração diante das mortes da esposa e irmão do ex-presidente Lula.

O ministro Gilmar Mendes se aproveitou dessas novas divulgações e chegou a dizer que essas pessoas que supostamente tiraram sarro de Lula são "gente sem sensibilidade moral".

Caso Bendine

Na época, Moro havia condenado Aldemir Bendine por Corrupção passiva e lavagem de dinheiro após, segundo o ex-juiz federal, o réu ter recebido R$ 3 milhões em propina da construtora Odebrecht.

Com a decisão da Segunda Turma, o caso de Bendine voltará para a primeira instância para um possível novo julgamento. A reclamação de Bendine na Corte foi que Moro o obrigou a apresentar alegações finais ao mesmo tempo que os delatores. Segundo a defesa dele, isso só deveria acontecer após o relato de todos os acusadores.

Para os ministros da Segunda Turma, Bendine acabou sendo prejudicado pois não teria prestado depoimento de forma correta. Ricardo Lewandowski chegou a comentar que o réu não teve as garantias de defesa necessárias no processo.

Edson Fachin foi o único a votar contra Aldemir Bendine.