A ex-presidente do Chile e atual alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos, Michelle Bachelet, foi mais uma autoridade internacional a receber ataques do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A declaração foi dada pelo presidente na saída do Palácio da Alvorada, nesta quarta-feira (4). O comentário de Bolsonaro foi uma resposta a uma entrevista dada por Bachelet em Genebra.
A alta comissária da ONU declarou na entrevista que, nos últimos meses, houve no Brasil "uma redução do espaço democrático".
Também foram alvos das críticas da ex-presidente chilena a alta nas mortes provocadas por policiais no Brasil e a violência contra os defensores dos direitos humanos.
Segundo dados da Secretaria de Segurança, foram 426 pessoas mortas pela polícia de São Paulo, somente no 1° semestre, isto significa uma alta de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O Rio de Janeiro contabiliza 881 mortes causadas por agentes da lei, alta de 14,6% comparando com o mesmo período de 2018.
Somando os números dos dois estados, obtém-se o total de 1.307 mortes causadas por policiais, curiosamente, Bachelet citou um número um pouco menor que os dados oficiais, ela declarou que se trata de 1.291 mortes.
'Direitos de vagabundos'
Bolsonaro declarou sobre Bachelet: "ela está defendendo direitos humanos de vagabundos". Bolsonaro não parou por aí, ele ainda falou sobre o pai da ex-presidente do Chile, e afirmou que se o ditador chileno Augusto Pinochet não houvesse derrotado os militantes de esquerda, entre estes militantes o pai de Michelle, o Chile seria "uma Cuba".
Alberto Bachelet
O pai de Michelle Bachelet foi um general da Força Aérea do Chile, contrário ao golpe militar dado por Augusto Pinochet em 1973.
De acordo com relatório do Serviço Médico Legal do Chile, Alberto Bachelet morreu vitimado pelos maus-tratos sofridos depois que foi preso e acusado pela ditadura de traição à pátria.
'Falta do que fazer'
O presidente disse também que: "quando tem gente que não tem o que fazer, como a senhora Michelle Bachelet, vai lá para cadeira de direitos humanos da ONU".
A polêmica envolvendo a ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, (2006-2010), (2014-2018) e atual alta comissária da ONU e o presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, acontece a menos de três semanas dos debates da Assembleia Geral da ONU em Nova York.
No próximo domingo, o presidente fará uma nova cirurgia, na última segunda-feira (2), ele afirmou que irá para Nova York "até de cadeira de rodas" para defender a posição brasileira sobre a Amazônia.