A cúpula da Polícia Federal (PF) vive momentos de apreensão nos bastidores. Ela acredita que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, está sendo alvo do presidente da República, Jair Bolsonaro. Membros renomados da corporação veem uma certa humilhação ao ex-magistrado da Operação Lava Jato. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (5), pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.

Segundo a matéria, o ministro mais bem avaliado do Governo Bolsonaro estaria com sérias dificuldades de emplacar nomes de confiança na PF.

A exigência do presidente para que fosse demitido o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, é um dos motivos disso. Na visão de alguns policiais que atuam próximo ao ministro, eles defendem que Moro reaja o mais rápido possível para pelo menos sair com créditos do governo. Se caso nada for feito, o ministro pode acabar ficando sem condições de trabalho e ser considerado falho em sua missão no ministério adquirido.

Um dos delegados mais influentes da PF chegou a dizer, segundo a coluna, que não existe cabimento o ministro esperar a demissão de 50 diretores-gerais da PF para depois tentar uma reação. Na visão dele, o momento deveria ser agora, apontou o jornal.

Abandonou coletiva

As atitudes de Bolsonaro em querer intervir sugerindo a demissão de Maurício Valeixo traz ao ministro Moro supostamente um pouco de inquietação.

Nesta quarta-feira (4), Moro acabou deixando uma coletiva de imprensa convocada pelo Ministério da Justiça após ser questionado sobre a troca do comando da PF. Vale ressaltar que o mandatário brasileiro disse em uma entrevista à Folha de S.Paulo nesta terça-feira (3) que tudo já estava acertado com o ministro e que dependia apenas dele decidir o melhor momento para a troca do diretor-geral da PF.

No entanto, Valeixo é um nome de profunda confiança de Moro. Na semana passada, o ex-magistrado da Lava Jato comentou que o diretor-geral fazia um extraordinário trabalho.

Pressão

Não se pode negar que Moro está sendo alvo de uma grande pressão. Todos sabem que Bolsonaro não gosta de ser contrariado. Entretanto, atender aos anseios do presidente seria uma forma de perder o comando da instituição.

Em síntese, o ministro mantém o silêncio quando é questionado sobre o assunto. Enquanto isso, nos bastidores da PF há momentos de tensão com a provável demissão de Valeixo. A Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal já criticou as interferência do presidente na instituição. Para a Associação, ele está causando uma certa instabilidade ao sugerir ou impôr mudanças.

O presidente da entidade, Edvandir Paiva, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que só resta aguardar se acontecerá o ato de troca concreto ou não.