Após o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot afirmar que planejou assassinar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, o episódio acabou culminando numa reação imediata da Corte, que ordenou busca e apreensão em endereços ligados a Janot. O fato ocorrido também se tornou motivo de protestos pelas redes sociais e críticas direcionadas aos membros do STF.

Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmam que na próxima semana pretendem acampar em frente ao STF com a intenção de pressionar membros da corte. Parte dos manifestantes, ainda segundo a Folha, fala até em derrubar o Supremo. Segundo eles, os magistrados têm sido coniventes com a corrupção.

A afirmação de Janot de que pretendia cometer um atentado contra um membro da Corte deu, segundo a Folha, força ao inquérito aberto pelo presidente do STF, Dias Toffoli, para averiguar notícias falsas e possíveis riscos aos ministros. A investigação, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, foi criticada na época pela então procuradora-geral da República Raquel Dodge.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que propôs no Senado a abertura de um processo para investigar o STF, a chamada CPI da Lava Toga, considera que a determinação de Moraes de busca e apreensão na casa de Janot é mais um arbítrio dos magistrados.

De acordo com o senador, mesmo que a afirmação de Janot seja considerada grave, no momento não foi praticado nenhum crime contra Gilmar Mendes. Ele também considera que os membros do STF aproveitaram a ocasião para que Gilmar Mendes "seja colocado como vítima".

No início deste mês, o processo de instauração da CPI da Lava Toga sofreu um retrocesso por conta do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) que acabou atrapalhando na abertura do processo. Sendo assim, parte dos simpatizantes de Bolsonaro, seguindo orientação de Olavo de Carvalho, começou a se contrapor à instalação da CPI.

De acordo com a base do Governo federal no Senado, o processo de inquérito parlamentar foi rechaçado para evitar um desgaste entre os poderes Legislativo e Judiciário. Estima-se que o esfacelamento entre as instituições poderia afetar o governo e prejudicar a aprovação do projeto para reforma da Previdência. No entanto, os episódios ocorridos na semana passada voltam a colocar o STF em maus lençóis e muitos tratam a instituição como uma vergonha nacional. Inclusive sendo um dos temas mais comentados nas redes sociais.