Em uma entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta última quinta-feira (26), o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot revelou bastidores de sua biografia e acabou revelando que planejou matar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Segundo Janot, isso teria acontecido em meados de 2017.
O ex-PGR revelou em entrevista ao Estadão que não ia ser ameaça, ia ser assassinato mesmo, ele mataria o ministro (Gilmar Mendes) e iria se matar em seguida. No livro, “Nada Menos que Tudo”, que escreveu contando os bastidores da PGR no período de 2013 a 2017, não cita o nome de Gilmar Mendes.
Escreveu que num momento de uma ira cega, botou uma arma carregada na cintura e por um momento muito pequeno, teria descarregado a arma na cabeça de uma "autoridade" que tinha uma "língua ferina", que no meio daquela celeuma orquestrada por quem estava sendo investigado, resolveu fazer "graça" com a sua filha. Essa "graça" que Janot se refere é que Gilmar Mendes teria falado que a sua filha, Leticia Ladeira Monteiro de Barros, trabalhava como advogada para a OAS, em um processo no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Janaina Paschoal se manifesta
A jurista e deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) escreveu em seu Twitter que não concordava com a decisão da Polícia Federal de fazer busca na casa do ex-PGR, porque expressar um pensamento não é um ato "ilegal".
Um olhar estritamente técnico condenaria referidas buscas, afinal, relatar um pensamento, por mais inusitado que seja, não é crime. No entanto, um jurista mais pautado pelo viés preventivo poderia tentar justificar as medidas cautelares no fim de evitar futuros crimes.
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) September 28, 2019
Em um outro momento, Janaina declara que essa determinação já censurou uma revista e já foi usada como suporte para solicitar mensagem hackeadas e etc.
Esse tal inquérito já serviu para buscas nas casas de ativistas, para decreto de medidas protetivas, para censurar Revistas, para afastar funcionários da Receita, para requisitar áudios vazados, agora para apreender armas e celulares de um ex-Procurador da República ... (?!)
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) September 28, 2019
Ministro determina apreensão da arma de Janot
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenou na última sexta-feira (27) a suspensão imediata do porte de arma de Rodrigo Janot e também fez uma proibição para que Janot não se aproximasse de nenhum ministro do Supremo.
Moraes decidiu isso em cima do inquérito que investiga ofensas e ameaças a ministros do STF.
Além dessas medidas, o ministro também fez vários mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos pela PF no apartamento de Rodrigo Janot. No apartamento dele, a PF pediu para que Janot entregasse uma arma e várias munições. Após a entrega da arma, os policiais encontraram mais 6 caixas de balas nos armários de Janot. Ele entregou também o celular, tablet e as senhas dos aparelhos. Janot preferiu não dar o depoimento na sexta-feira, preferindo marcar um outro dia.