Há alguns meses, o presidente Jair Bolsonaro disse que havia países querendo comprar a Amazônia e que não iria aceitar ajuda financeira para a floresta. Agora, com a conferência da ONU sobre as mudanças climáticas, a COP-25, o presidente pretende pedir doações às nações mais desenvolvidas para financiar um novo fundo de preservação da floresta.
Já existia antes um mecanismo chamado Fundo Amazônia, que tinha um objetivo similar, mas teve de ser paralisado depois de Bolsonaro extinguir os conselhos que geriam o mesmo.
O ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, apontou supostas irregularidades nos projetos que eram apoiados pelo fundo.
Ele ainda tentou alterar as regras do fundo.
Os principais doadores do Fundo Amazônia eram a Alemanha e a Noruega. Em mais o menos dez anos o fundo arrecadou cerca de US$ 1,3 bilhão.
Bolsonaro põe fim ao Fundo Amazônia
Assim que assumiu a presidência do Brasil, Jair Bolsonaro se mostrou um crítico forte da ajuda estrangeira, principalmente os europeus, sobre a proteção da floresta amazônica. O presidente já fez declarações dizendo que outros países estariam tentando comprar a Amazônia ''à prestação''.
A proposta feita pelos ministros Salles e Ernesto Araújo, do Meio Ambiente e das Relações Exteriores, respectivamente, é para que esse novo fundo de proteção a Amazônia seja gerido pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que é uma instituição responsável pela análise do financiamento de projetos.
Por conta da imagem negativa que o exterior tem tido do Brasil, por conta de queimadas na Amazônia, e o recorde recente do desmatamento ilegal, o governo brasileiro resolveu propor que essa doação seja usada para financiar projetos em todos os países amazônicos, diluindo assim o desgaste.
Nessa proposta, Equador, Colômbia, Guiana e Peru também serão beneficiados.
O governo brasileiro também argumentou que a necessidade de um novo fundo não é só pela floresta, mas também para desenvolver a economia na Amazônia, que é uma das regiões mais carentes do país, tendo o menor IDH do país.
Esse fundo gerido pelo BID, se aceito, irá também permitir que o governo pague por serviços ambientais, podendo recompensar os produtores que preservarem as áreas que seriam desmatadas.
Uma equipe do BID foi até Brasília no começo da semana para negociar o novo fundo. Salles e Araújo apresentaram uma rodada de ideias para os embaixadores dos países que podem ser doadores em potencial.
Salles irá fazer parte da convenção em Madri. Ele terá como tarefa passar o chapéu e tentar convencer os países a fazerem doações para o fundo de proteção a Amazônia.
A proposta geral é financiar projetos na Amazônia nas áreas que precisam ser reflorestadas, e também será investido na agricultura e em bioeconomia, assim como a infraestrutura e redução de emissão de gases e pagamentos de serviços ambientais.