O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se pronunciou neste último sábado (21) sobre o caso envolvendo seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido), que está sendo investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).

Bolsonaro falou com jornalistas em uma conversa com mais de duas horas de duração ocorrida no Palácio da Alvorada, em Brasília. O presidente, que na última sexta-feira (20) deu uma entrevista tensa em que ofendeu jornalistas, afirmou: "se eu não tiver a cabeça no lugar, eu alopro".

Bolsonaro perguntou para os profissionais da imprensa se o processo está em segredo de Justiça, para depois ele mesmo responder que está.

Outra pergunta feita de forma retórica foi quando ele indagou quem é que está responsável por julgar o processo, o juiz ou o MP. Bolsonaro declarou que o MP “vaza” a informação e que o próprio Ministério Público julga o caso. Na ótica do presidente, a intenção do MP é causar estardalhaço, e questiona quem estaria feliz com esta situação.

O caso

Flávio Bolsonaro é alvo de investigação do MP fluminense sobre suposto esquema em que o filho mais velho do presidente teria se apossado de parte do salário de servidores de seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), na época em que era deputado estadual.

De acordo com os promotores, o “01” seria chefe de uma organização criminosa e ainda foram identificados ao menos 13 assessores que teriam transferido parte de seus salários para Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio.

O MP afirma que as provas vislumbram que houve a existência de uma organização criminosa com alto grau de estabilidade entre os anos de 2007 e 2018, que se destinava a desviar dinheiro público e a lavar dinheiro.

Para o presidente da República, existe “abuso” do MP do Rio de Janeiro no que diz respeito ao caso que envolve seu filho e defendeu controle do MP.

Bolsonaro disse que apesar da atuação “qualquer nota” do órgão, não existe nenhuma interferência dele no caso.

O presidente acredita que deva ter um controle sobre a atuação do MP, mas que isto não seria feito pelo poder Executivo. Na entrevista, Bolsonaro afirmou ainda que “seria bom” que as investigações sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes fosse federalizada, mas ponderou que caso isso ocorresse seria indicativo de que querem lhe blindar com a Polícia Federal.

Mea-culpa

Jair Bolsonaro alega ter respondido de forma ofensiva um repórter que o entrevistara na última sexta-feira (20). O líder do executivo disse que o jornalista tinha “cara de homossexual terrível”. A declaração foi feita no Palácio da Alvorada quando o jornalista questionou o presidente sobre o que aconteceria com o senador Flávio Bolsonaro, caso o parlamentar tivesse cometido algum deslize.