Foi revelado pela Folha nesta quinta-feira (23) mais um capítulo da conturbada relação entre o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. De acordo com a publicação, o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) e amigo pessoal de Bolsonaro, estaria sendo cotado para assumir o ministério da Segurança Pública, caso haja um desmembramento da pasta atualmente comandada por Moro.
Panos quentes
Fraga concedeu entrevista à Folha e afirmou que caso fosse convidado pelo presidente para assumir o comando da área de segurança pública aceitaria o convite.
Mas ele tratou de tecer comentários positivos ao ex-juiz da Lava-Jato. O coronel reformado da Polícia Militar do Distrito Federal disse que uma possível separação das pastas comandadas por Moro, não se trataria de um ataque ou uma forma de desprestigiar o ministro de Bolsonaro.
Mas ele deixou claro que apesar de considerar Moro um excelente jurista e “um ícone no nosso país”, ele acredita que a área de segurança pública precisa de alguém com perfil mais técnico, ou seja, alguém que seja da área opinou Alberto Fraga.
Barrado no baile
Quarta-feira (22) aconteceu um encontro entre secretários estaduais de segurança pública e curiosamente, o ministro da Justiça e Segurança Pública não foi chamado para esta reunião.
O próprio Bolsonaro na quinta-feira (23) voltou a falar sobre o tema e ressaltou que Sergio Moro provavelmente seria contra o desmembramento de sua pasta. A possibilidade de desmembrar a pasta de Moro foi entendida por aliados do ministro de uma tentativa de Bolsonaro para enfraquecer Sergio Moro.
Mesmo tendo se reunido com Jair Bolsonaro no final de semana, Fraga afirmou que não conversou com o presidente sobre o tema.
Ele disse ainda que os dois não têm falado sobre este assunto há nove meses e também declarou que não foi feito nenhum convite a ele para assumir algum cargo de ministro.
Em defesa de Moro
O amigo de Bolsonaro também reclamou das críticas que têm sofrido nas redes sociais por apoiadores de Sergio Moro. Ele também defendeu o trabalho das polícias dos estados e declarou que é uma injustiça atribuir ao atual ministro da Justiça e Segurança Pública a queda nas taxas de homicídios, esta queda é uma tendência que foi iniciada na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), afirmou Fraga.
Sergio Moro enfraquecido
Desde sua entrada no cargo em janeiro de 2019, Sergio Moro já viu seu poder ser reduzido com a perda do Coaf, que agora esta subordinada ao Banco Central. Moro ainda corre o risco de também perder a Polícia Federal, que responde de forma administrativa à Justiça.