Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, que investiga o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, a voz do áudio da portaria que liberou o ex-policial Élcio de Queiroz, que é apontado como um dos suspeitos do homicídio, não é a mesma do porteiro que apontou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em seu depoimento. Isto foi apontado pelo laudo final da Polícia Civil.

Segundo informações do Portal360, em novembro de 2019 a Rede Globo reportou em uma matéria que um homem que dizia trabalhar na portaria teria afirmado em depoimento que "seu Jair" teria dado o aval para Élcio entrar no condomínio.

Logo depois, o homem disse que teria se enganado e voltou atrás em atribuir que o ex-policial teria entrado na casa 58, que era a casa do então deputado Bolsonaro, no dia 14 de março de 2018, mesmo dia do assassinato da vereadora. Porém, o porteiro negou qualquer pressão para citar Bolsonaro.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) já teria feito uma análise no áudio em outubro do ano passado. Na ocasião, chegaram a concluir que a autorização para a entrada de Élcio partiu do ex-policial militar Ronnie Lessa, que mora na casa 65. Os dois se encontram encarcerados por serem suspeitos de ter planejado o assassinato e ter executado a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do seu motorista Anderson Gomes.

O material em questão foi cedido pelo síndico do condomínio em questão. A Polícia Civil também fez uma análise acústica e biométrica dos áudios que foram apreendidos na portaria do condomínio onde aconteceu o fato.

A perícia, ao analisar os áudios, comparou com a voz de 4 homens que trabalham na portaria e que estavam trabalhando no mesmo dia do crime cometido para saber qual deles teria informado a chegada do ex-policial.

Foram seis peritos que assinaram o laudo final, que identificou que várias características e peculiaridades na voz do porteiro em questão não parecem com o do outro porteiro que no seu depoimento citou Bolsonaro.

No mesmo áudio, foi permitido identificar que o homem que trabalha na portaria tinha discado a tecla 6 e depois a tecla 5 ao fazer o pedido da entrada do ex-policial Élcio.

No laudo também está uma comparação entre o diálogo no áudio e outras ligações telefônicas e se concluiu que Lessa foi a pessoa que atendeu o interfone e deixou entrar Élcio.

Na análise da perícia foi usado um equipamento do Instituto de Criminalística Calos Éboli (ICCE) que impede que qualquer informação do disco original seja apagado. Também, os peritos que trabalharam nessa análise, não encontraram nenhuma edição falsa do disco que tenha sido alterada. O disco em questão é do sistema de gravação do interfone do condomínio.

A posição do presidente

Bolsonaro fez um comentário sobre o caso que foi envolvido na manhã da última terça-feira (11), dizendo que a Rede Globo teria armado a outra ligação com os primeiros peritos para fazer a divulgação de uma suposta ligação com o porteiro.

Agora, segundo Bolsonaro, descobriram que não era o mesmo porteiro e foi caracterizado como notícia falsa.

Segundo consta, no dia que aconteceram os crimes, o então deputado Bolsonaro estava em Brasília no dia do crime, como consta nos registros da Câmara.