O Ministro da Justiça e ex-juiz, Sergio Moro, negou ter sido o autor da investigação contra o festival de música Facada Fest. Moro declarou através de suas redes sociais que não partiu dele a iniciativa para a abertura do inquérito, porém demonstrou apoio à investigação em sua postagem.

O Ministro foi apontado pelo jornal Folha de S.Paulo, na última quinta-feira (27), como o responsável pela abertura do inquérito que investigará quatro artistas de Belém (PA). Os responsáveis pelo Facada Fest serão investigados por pelos supostos crimes de apologia ao homicídio e crime contra a honra do presidente Jair Bolsonaro.

Membros das bandas Delinquentes, Filhux Ezkrotuz e THC foram investigados nesta quinta-feira (27) pela Polícia Federal em Belém (PA).

Para Sergio Moro, existe uma diferença entre crítica e apologia ao crime. Ainda no Twitter, ele questionou se seriam liberadas as ofensas ou apologias ao crime caso fosse outro agente político no lugar de Bolsonaro e afirmou que não se tratam apenas de "cartazes anti-bolsonaro" como diz a matéria publicada pela Folha de S.Paulo.

O Ministério da Justiça apontou através de consultoria a necessidade da investigação, e informou que cabe ao Ministério Público e à Polícia Federal decidir se cabe uma ação penal para o caso.

Os cartazes em questão foram criados para a divulgação do evento Facada Fest que acontece na capital paraense desde 2017.

Nas imagens de um deles, o presidente Jair Bolsonaro é retratado como um palhaço, e comparado ao famoso palhaço Bozo, sendo empalado por um lápis.

Em outro cartaz, Bolsonaro é retratado vomitando fezes enquanto segura uma arma com uma das mãos e usa uma cueca com a bandeira dos Estados Unidos. Os dois primeiros cartazes foram criados pelo artista Paulo Victor Magno.

Em um terceiro cartaz, a cabeça de Bolsonaro aparece decapitada, com um bigode Hitler e uma suástica na testa sendo segurada por um índio.

Repercussão do caso

Com a abertura do inquérito pela Polícia Federal, o caso ganhou repercussão e se tornou um dos assuntos mais comentados das redes sociais, chamando a atenção de diversas pessoas, inclusive influenciadores.

Em sua conta no Twitter, a jornalista Rachel Sherazade debochou do assunto sugerindo que seus seguidores compartilhassem sua publicação e ajudassem na divulgação do evento, segundo ela, em nome da honra do presidente.

Já a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, informou que o cartaz, que supostamente desagradou o ministro Sergio Moro, foi compartilhado milhares de vezes no Twitter e se tornou um do assuntos mais comentados da rede social.

O jornalista William De Lucca questionou a parcialidade de Moro, que apoia a investigação a um festival que fere a honra do presidente Jair Bolsonaro, mas que não faz nada perante a imagens do ex-presidente Lula decapitado em camisetas, sangrando na capa da revista Veja, ou sobre os bonecos de Lula e Dilma sendo enforcados durante uma manifestação.