Após os incessantes conflitos entre o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e Jair Bolsonaro (sem partido), a mira verbal do presidente da República foi canalizada ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em entrevista, na quinta-feira (16), à CNN Brasil, Bolsonaro disse que o país “não merece Maia”.

A declaração impactante começa a trazer os seus efeitos, conforme revela a coluna Painel, da Folha de S.Paulo. A publicação informa que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) entregou a relatoria da Medida Provisória 905, que trata do projeto Verde-Amarelo de geração de empregos, a Rogério Carvalho (PT-SE).

O projeto é duramente criticado por entidades sindicais.

Outra "pauta bomba" é um projeto colocado para apreciação na Câmara dos Deputados que obriga as empresas com patrimônio de mais de R$ 1 bi a emprestarem parte do lucro às ações de combate à Covid-19.

De acordo com a coluna, o projeto encontra barreiras entre o setor empresarial, com destaque aos bancos. De acordo com a nota publicada na Folha de S.Paulo as respectivas decisões ocorreram após as críticas de Bolsonaro a Maia.

As críticas

Bolsonaro concedeu, na quinta-feira (16), entrevista à CNN Brasil. O presidente da República disse que Rodrigo Maia articula a retirada dele do cargo. Na opinião dele, o presidente da Câmara “conduz o país ao caos” e age com pressão sobre o Governo “enfiando a faca”.

Na entrevista, Bolsonaro afirma ainda que Rodrigo Maia quer exercer o papel de Executivo. A crítica de Bolsonaro tem um motivo. É que a Câmara aprovou o texto que recompõe, por seis meses, as perdas de arrecadação dos estados e municípios. Nas contas do presidente da República, a aprovação sairá caro ao Executivo, na casa de R$ 1 trilhão.

Foco

Rodrigo Maia respondeu às provocações de Bolsonaro. Segundo o deputado federal, o presidente tenta tirar o foco do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, demitido na tarde de quinta-feira (16).

Em tom provocativo, Maia disse que não responderá a “agressões”, mas que responderia com “flores”. O presidente da Câmara considera como “velha tática da política” o fato de Bolsonaro querer desviar o foco da principal notícia de ontem, no caso a demissão de Mandetta.

Rodrigo Maia lembrou que o país tem 1.900 mortes provocadas pelo novo coronavírus e que não deve prevalecer uma visão única sobre um tema tão delicado. Na visão dele, é hora de "sangue frio" para combater o vírus e que todos os esforços governamentais devem caminhar nesse sentido. O político, porém, cutucou o presidente. Disse que responderia o "ataque de pedras" com flores, em referência à entrevista concedida por Bolsonaro ao canal da TV fechada.