Após sofrer pressão do presidente Jair Bolsonaro para apoiar o uso da cloroquina, o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração nesta sexta-feira (15). Ele estava no cargo há pouco tempo, substituindo Luiz Henrique Mandetta.

O secretário executivo, general Eduardo Pazuello, assume interinamente. Ele será o terceiro a ocupar o cargo durante a crise causada pela pandemia do coronavírus.

Uma entrevista coletiva foi marcada para as 15h30 desta sexta-feira. O comunicado divulgado à imprensa indica o uso obrigatório de máscara.

O ministro se mostrou incomodado com a pressão que o presidente Jair Bolsonaro vez para que ele apoia-se o uso de cloroquina.

O remédio ainda não tem a sua eficácia comprovada para o combate à Covid-19.

Bolsonaro chegou a exigir que o ministério adotasse um novo protocolo indicando o uso de cloroquina nos pacientes em estágio inicial da doença. O presidente vem adotando um discurso favorável ao uso da cloroquina.

No entanto, diversos estudos internacionais mostram que o uso do remédio não diminui o número de mortes ou internações por Covid-19, aliás, ele pode ter efeitos colaterais muito prejudiciais.

Este foi o recente desentendimento de Nelson Teich com Bolsonaro. A pressão pela mudança de protocolos sobre a cloroquina foi apenas um deles.

Nelson Teich substituiu Mandetta

Nelson Teich substituiu o ministro Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde, assumindo a pasta no dia 17 de abril.

Mandetta também saiu do cargo por conta de desentendimentos com Bolsonaro. Ele não concordava como o presidente estava querendo conduzir a crise, principalmente se colocando contra o isolamento social.

As atitudes de Mandetta não agradaram o presidente, e ele acabou sendo demitido do cargo. Logo após a sua saída, o ex-ministro admitiu que os motivos que levaram a sua saída foi a estratégia de isolamento social que levaram o presidente Jair Bolsonaro demiti-lo.

Mandetta usou as suas redes sociais para comentar sobre a demissão de Nelson Teich do Ministério da Saúde. Ele escreveu: "Oremos. Força SUS. Ciência. Paciência. Fé!". O tuíte recebeu mais de 90 mil curtidas e foi comentado por mais de 23 mil pessoas.

Nelson Teich parecia estar sintonizado com presidente, pois existia um alinhamento entre eles, e indicava que não haveria mudanças radicais na política adotada.

No entanto, a relação e sintonia durou pouco tempo e as divergências começaram a aparecer, principalmente nesta semana. Nelson Teich teve que saber pela imprensa que Bolsonaro havia incluído na lista de serviços essenciais salões de beleza e academias. A decisão não o agradou e nem sequer foi passada pela avaliação do ministro.

Demissão de Nelson Teich

De acordo com uma nota divulgada pela assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, Teich pediu demissão, entretanto, de acordo com site UOL, uma fonte dentro da pasta teria informado que durante uma reunião de última hora com Bolsonaro, que foi convocado nesta manhã, ele teria sido demitido pelo presidente.

Teich defendeu publicamente posições contrárias às do presidente.

Além de defender o distanciamento social, a única medida até o momento comprovada que diminuiu a proliferação do vírus. Enquanto isso, Bolsonaro defende que apenas pessoas do grupo de risco fiquem em isolamento.

Cloroquina

Em uma rede social Nelson Teich explicou que a cloroquina no tratamento de Covid-19 deve ser feito com restrições, já que a substância pode desencadear efeitos colaterais. Para o presidente, o medicamento deve ser usado, e é um dos principais defensores do remédio, apesar de pesquisas científicas atestarem seus riscos para a saúde.