Uma semana após receber alta do hospital Sírio-Libanês, o prefeito de São Paulo Bruno Covas (PSDB), concedeu uma entrevista ao portal UOL onde revelou que tem medo de morrer durante a pandemia do novo coronavírus. Ainda tratando de um câncer, descoberto ano passado, o tucano está dormindo há dois meses na prefeitura.
Na entrevista, o chefe do executivo paulistano também abordou a questão do coronavírus, defendeu o isolamento social e que sem ele o número de mortos já seria 30 mil. Com relação ao lockdown, o prefeito afirmou que uma decisão será tomada até quarta-feira (27).
Medo de morrer
O tratamento do Bruno Covas contra um câncer nos linfonodos coincidiu com o surgimento do novo coronavírus, quando ele estava saindo do quimioterápico e indo para o tratamento da imunoterapia. Apesar de admitir o medo de morrer, o prefeito disse que está tranquilo, porque o tratamento está em uma fase que é menos prejudicial ao organismo. “A quimioterapia baixa sua imunidade e deixa você no grupo de risco”, falou.
Covas disse que quando iniciou a quarentena ele estava liberado para voltar a cumprir sua agenda fora da prefeitura e por causa disso vários compromissos tiveram que ser cancelados. Ele afirma, no entanto, que o que tem lhe deixado tranquilo é o acompanhamento que vem tendo semanalmente dos médicos e que seu sistema imunológico está normalizado.
Não foi para casa
Enquanto pede para que as pessoas fiquem em casa, o prefeito lamenta não poder fazer o que ele mesmo prega. Para evitar circular pela cidade, há dois meses ele vem passando as noites no prédio da prefeitura. Enquanto muita gente fez de sua casa seu local de trabalho, com ele aconteceu o inverso. “Quando puder voltar para casa será grande comemoração”, disse.
Sobre a questão do isolamento social, que apresentou queda em abril e se estabilizou em maio, o prefeito comentou sobre as duas medidas polêmicas que foram adotas e depois revogada, que foi o bloqueio das principais vias da cidade e um megarodízio. Para ele, apesar de os resultados não terem sido os desejados, ninguém, em sua visão, poderá acusar o poder público de omissão.
Ele disse que as ações foram bem planejadas, mas para dar certo era necessária a colaboração da população. “Se as pessoas persistirem em sair, a gente não vai vencer o vírus”, analisou.
Mesmo assim ele entende que o percentual de isolamento, apesar de não ser o ideal, apresentou efeitos, uma vez que acredita que se não fosse por isso, o número de mortos estaria na casa dos 30 mil.
Outra tentativa de barrar a circulação de pessoas foi a implantação de um megaferiado na capital, o que para especialistas foi a última tentativa antes de implantar o lockdown na cidade. Sem querer antecipar detalhes, ele disse que uma decisão sobre isso será anunciada na próxima quarta-feira (27), ao lado do governador João Doria.