Nelson Teich deixou o Ministério da Saúde no último dia 15, mas quase voltou para a pasta para uma outra função. Em uma série de postagens no Twitter, o ex-ministro revelou que foi convidado pelo atual interino, Eduardo Pazuello, para uma vaga de conselheiro do ministério em meio a pandemia do coronavírus.
No entanto, Teich afirmou que recusou o pedido de seu sucessor para assumir o cargo por, em sua visão, não achar 'coerente' um possível retorno à pasta depois de ter deixado do jeito que deixou. E desejou sorte para o seu sucessor.
Teich explica negativa.
"Não vejo como coerente ter deixado o ministério numa semana e ter aceito voltar como conselheiro na semana seguinte, disse o ex-ministro na primeira de uma série de postagens que fez sobre o assunto.
Agradeço ao Ministro Interino Eduardo Pazuello pelo convite para ser Conselheiro do Ministério da Saúde, mas não seria coerente ter deixado o cargo de Ministro da Saúde na semana passada e aceitar a posição de Conselheiro na semana seguinte.
— Nelson Teich (@TeichNelson) May 23, 2020
Mesmo com a recusa ao cargo, Teich afirmou que está à disposição do ministério para ajudar, seja com Pazuello ou qualquer outro nome que assuma de forma definitiva a Saúde.
"Desejo ao Ministro Interino Eduardo Pazuello todo sucesso na condução do Ministério da Saúde", disse em outra postagem na rede social.
Desejo ao Ministro Interino Eduardo Pazuello todo o sucesso na condução do Ministério da Saúde e estou à disposição para que a transição aconteça da melhor forma possível.
— Nelson Teich (@TeichNelson) May 23, 2020
Teich e o ministério
Sucessor de Luiz Henrique Mandetta na pasta, Nelson Teich afirmou que aceitou a missão de se tornar ministro da Saúde por ver que uma 'condução técnica' da pasta seria necessária para fazer a gestão do sistema de saúde do país em meio a explosão da pandemia do coronavírus no país.
"Meu objetivo era o de uma gestão mais técnica, que aumentasse a eficiência do sistema de saúde e melhorasse a saúde da sociedade", afirmou o ex-ministro.
Quando assumi o MS, o objetivo era trazer um modelo de gestão mais técnica, que aumentasse a eficiência do Sistema e melhorasse o nível de saúde da sociedade. Ser mais técnico não significa apenas uma condução médica mais técnica. Isso seria tratar o problema de forma simplista.
— Nelson Teich (@TeichNelson) May 23, 2020
Ainda o ex-ministro afirmou que, para que esta gestão fosse adequada, todas as ações e objetivos para melhorar a saúde do Brasil seriam baseadas em 'informações amplas e precisas'.
E que estas devem ser acompanhadas.
Uma condução técnica do Sistema de Saúde significa uma gestão onde estratégia, planejamento, metas e ações são baseadas em informações amplas e precisas, acompanhadas continuadamente através de indicadores.
— Nelson Teich (@TeichNelson) May 23, 2020
Teich, no entanto, evitou mencionar qualquer tipo de opinião sobre a condução de Pazuello, que foi indicado para a pasta pelo próprio ex-ministro ou sobre as recentes mudanças feitas pelo presidente Jair Bolsonaro no ministério e que acabaram também lhe custando o cargo.
Divergências com Bolsonaro causaram saída de Teich
Repetindo o que aconteceu com Mandetta em sua saída do Ministério da Saúde, Teich também deixou o cargo em virtude de uma série de divergências que teve com o presidente por causa da condução de Bolsonaro na pandemia do coronavírus.
A principal delas tem a ver com a cloroquina.
O remédio, propagandeado pelo presidente para o tratamento da doença, virou alvo de discussão entre as partes. Bolsonaro queria mudar o protocolo de aplicação da droga para também ser usado em casos leves da doença com o então ministro sendo contra tal medida.
Depois da saída de Teich, o ministério alterou o protocolo para também contemplar casos leves da doença para que a cloroquina fosse usada. A assinatura de Pazuello não consta do documento, assinado por sete secretários da pasta.
Outro motivo de discussão entre o ex-ministro e Jair Bolsonaro foi o posicionamento de Nelson Teich a favor de medidas de isolamento social, estas duramente criticadas pelo presidente. Um decreto que colocou salões de beleza, barbearias e academias de ginástica como serviços essenciais foi assinado pelo presidente, o que pegou de surpresa o então ministro, que não soube antecipadamente de tal decisão.