Aliados do governo federal tiveram sigilos fiscais quebrados a mando do STF (Supremo Tribunal Federal) e foram alvos de busca e apreensão realizadas pela Polícia Federal.

Na noite desta terça-feira (17), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou em seu perfil no Twitter. Bolsonaro alegou que vai tomar "medidas legais" para a proteção dos brasileiros. Ele afirmou que não pode assistir calado, "enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas".

As investigações sobre manifestações antidemocráticas resultaram em 21 mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos pela PF.

Dirigentes da sigla que o presidente tenta fundar, a Aliança pelo Brasil, deputados, youtubers de direita e blogueiros, foram alvos da investigação. As ordens do STF foram autorizadas no âmbito de um inquérito chefiado pelo ministro Alexandre de Moraes.

A quebra de sigilos bancários de um senador e dez deputados federais da base de apoio ao presidente também foram determinados por Moraes.

Jair Bolsonaro escreveu no Twitter que é o povo quem legitima as instituições, e não o contrário, e que o presenciado nas últimas semanas são "abusos" recebidos com muita cautela pelo governo federal.

Por diversas vezes o presidente fala em preservar a democracia, mas que não pode fingir naturalidade com os últimos acontecimentos e que não houve até agora nada que aponte apreço do seu governo ao autoritarismo, muito pelo contrário.

Crítica de Celso de Mello

Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, relator do inquérito que investiga a possível interferência política do presidente na Polícia Federal (PF), diz que sem juízes independentes, jamais haverá cidadãos livres nesse país.

"É preciso resistir com as armas legais da constituição e das leis dos Estado Brasileiro e reconhecer na independência da suprema corte a sentinela das liberdades. Porque sem juízes independentes, jamais haverá cidadãos livres neste país", disse.

O decano criticou também a postura de Bolsonaro de não cumprir ordens judiciais, ainda que sem mencioná-lo diretamente.

O presidente disse publicamente que não entregaria o seu celular, mesmo com base em decisão judicial. No entanto, o pedido foi arquivado pelo próprio ministro.

Antes da manifestação do presidente, auxiliares afirmaram que seu silêncio era um sinal de trégua para diminuir a tensão entre os poderes. Porém, apoiadores começaram a cobrar uma interferência e postura do presidente diante dos fatos pelas redes sociais.

Inquérito das Fake News

Nesta quarta-feira (17), o julgamento do inquérito das Fake News será retomado após a suspensão temporária das investigações, solicitada pela Procuradoria Geral da República.

Na tentativa de unir seus seguidores, em uma espécie de ordem unida, Bolsonaro finalizou seus tuítes com o slogan de sua campanha eleitoral: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

Apesar de todas as crises, Bolsonaro mencionou diversas vezes que pretende se candidatar a um segundo mandato em 2022.