Aliados do governo federal tiveram sigilos fiscais quebrados a mando do STF (Supremo Tribunal Federal) e foram alvos de busca e apreensão realizadas pela Polícia Federal.
Na noite desta terça-feira (17), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou em seu perfil no Twitter. Bolsonaro alegou que vai tomar "medidas legais" para a proteção dos brasileiros. Ele afirmou que não pode assistir calado, "enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas".
- Luto para fazer a minha parte, mas não posso assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas. Por isso, tomarei todas as medidas legais possíveis para proteger a Constituição e a liberdade do dos brasileiros.
BRASIL ACIMA DE TUDO; DEUS ACIMA DE TODOS!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 17, 2020
As investigações sobre manifestações antidemocráticas resultaram em 21 mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos pela PF.
Dirigentes da sigla que o presidente tenta fundar, a Aliança pelo Brasil, deputados, youtubers de direita e blogueiros, foram alvos da investigação. As ordens do STF foram autorizadas no âmbito de um inquérito chefiado pelo ministro Alexandre de Moraes.
A quebra de sigilos bancários de um senador e dez deputados federais da base de apoio ao presidente também foram determinados por Moraes.
Jair Bolsonaro escreveu no Twitter que é o povo quem legitima as instituições, e não o contrário, e que o presenciado nas últimas semanas são "abusos" recebidos com muita cautela pelo governo federal.
- Só pode haver democracia onde o povo é respeitado, onde os governados escolhem quem irá governá-los e onde as liberdades fundamentais são protegidas. É o povo que legitima as instituições, e não o contrário. Isso sim é democracia.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 17, 2020
Por diversas vezes o presidente fala em preservar a democracia, mas que não pode fingir naturalidade com os últimos acontecimentos e que não houve até agora nada que aponte apreço do seu governo ao autoritarismo, muito pelo contrário.
- Queremos, acima de tudo, preservar a nossa democracia. E fingir naturalidade diante de tudo que está acontecendo só contribuiria para a sua completa destruição. Nada é mais autoritário do que atentar contra a liberdade de seu próprio povo.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 17, 2020
Crítica de Celso de Mello
Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, relator do inquérito que investiga a possível interferência política do presidente na Polícia Federal (PF), diz que sem juízes independentes, jamais haverá cidadãos livres nesse país.
"É preciso resistir com as armas legais da constituição e das leis dos Estado Brasileiro e reconhecer na independência da suprema corte a sentinela das liberdades. Porque sem juízes independentes, jamais haverá cidadãos livres neste país", disse.
O decano criticou também a postura de Bolsonaro de não cumprir ordens judiciais, ainda que sem mencioná-lo diretamente.
O presidente disse publicamente que não entregaria o seu celular, mesmo com base em decisão judicial. No entanto, o pedido foi arquivado pelo próprio ministro.
Antes da manifestação do presidente, auxiliares afirmaram que seu silêncio era um sinal de trégua para diminuir a tensão entre os poderes. Porém, apoiadores começaram a cobrar uma interferência e postura do presidente diante dos fatos pelas redes sociais.
Inquérito das Fake News
Nesta quarta-feira (17), o julgamento do inquérito das Fake News será retomado após a suspensão temporária das investigações, solicitada pela Procuradoria Geral da República.
Na tentativa de unir seus seguidores, em uma espécie de ordem unida, Bolsonaro finalizou seus tuítes com o slogan de sua campanha eleitoral: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
Apesar de todas as crises, Bolsonaro mencionou diversas vezes que pretende se candidatar a um segundo mandato em 2022.