Carlos Alberto Decotelli da Silva, de 67 anos, foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para substituir o ex-ministro Abraham Weintraub, exonerado da pasta da Educação na semana passada.
Decotelli é o primeiro negro a ocupar um ministério durante a gestão Bolsonaro. Evangélico e oficial da reserva da Marinha, ele adotou uma postura neutra ao assumir a pasta do MEC, afirmando que faria o que sabe fazer.
A nomeação do novo ministro foi publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (25).
Decotelli era presidente do FNED (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Sua nomeação foi aprovada pela ala militar do governo. Por não ter perfil polêmico como seus antecessores, acredita-se em uma gestão técnica, voltada a resultados, segundo avaliação de Valdo Cruz, colunista do G1.
Entrevista
Decotelli participou de uma entrevista na Rádio Bandeirantes onde foi questionado á respeito do sistema de cotas no Brasil.
De acordo com o novo ministro, as cotas em universidades públicas, que tem como objetivo alcançar um número maior de indígenas e negros em cursos superiores, são alvo de críticas em uma parcela da sociedade. Afirmando a necessidade de reflexão, ele menciona a importância de igualar as oportunidades.
Racismo
De acordo com o ministro, que é bisneto de um ex-escravo libertado graças a lei dos Sexagenários, o Brasil vive a mais de 300 anos com o conceito escravocrata.
Mesmo com postura neutra, reconheceu que existem estruturas que mantêm o racismo em nosso país.
Ao mencionar o caso de George Floyd, que foi morto por um policial branco nos Estados Unidos, o ministro relata que nunca levou dois tiros nas costas, mas que já foi vítima de olhares maldosos, assim como já presenciou eugenia de ambientação.
Segundo ele os protestos antirracistas ocorridos nos Estados Unidos evidenciam a dificuldade de um país que não aprendeu a conviver com as diferenças, criando uma epidemia racial.
Objetivos
Entre os objetivos citados pelo novo ministro da Educação, a prioridade será resolver os problemas ocasionados pela pandemia do novo coronavírus.
Mesmo afirmando que o sistema de cotas é positivo, ele afirma que esta não deve ser a única ação tomada para reduzir a desigualdade no Brasil.
Questionado sobre as ideologias da pauta Bolsonarista sobre escola sem partido e o fim da ideologia de gêneros, ele afirmou que não são prioridades, e sim a crise devido à Covid-19 na rede educacional, e que esses temas não foram abordados pelo presidente. Segundo ele, ouvir todas as opiniões e praticar diálogo é parte de sua conduta de trabalho, e desta forma as coisas serão resolvidas.