Um dos personagens mais criticados por apoiadores do governo Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputadores, Rodrigo Maia, deu entrevista nesta segunda-feira (1) ao UOL e afirmou não ver qualquer risco de "ruptura" das instituições do país.
A declaração foi dada em resposta a uma afirmação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Na última semana, o deputado, um dos filhos do presidente e bastante ativo nas redes sociais, citou em live "momento de ruptura".
Maia não vê riscos à democracia
Na entrevista, Rodrigo Maia declarou não ver qualquer risco de ruptura social no Brasil ou de instituições democráticas.
Ele também negou ver apoio das Forças Armadas a qualquer tentativa de golpe ou intervenção com o aval do Planalto.
A entrevista acontece no dia seguinte a diversos protestos de apoiadores e críticos ao governo, muitos deles com confrontos entre as partes, e de seguidas semanas em que bolsonaristas têm feito manifestações a favor do presidente e pedindo o fechamento de Congresso e STF.
"Eu não vejo risco algum de uma ruptura por causa da sociedade. Eu não consigo ver nas nossas Forças Armadas respaldo algum a esses movimentos", disse Maia.
No último final de semana, em live, Rodrigo Maia afirmou que Bolsonaro seria um "gerador de insegurança" e não conseguiria unir o país com suas declarações críticas aos Poderes em público, mas reiterou que, em conversas privadas, a relação entre ambos é considerada boa.
Protestos no STF são criticados
Os protestos do grupo 300 do Brasil, organizados pela ativista Sara Winter na frente do Supremo Tribunal Federal no último sábado (30), também foram alvo de críticas de Maia. O presidente da Câmara declarou que o STF é "vítima agora do que ele foi antes". No caso, as críticas de militantes bolsonaristas, que elegeram Legislativo e Judiciário como alvos.
Rodrigo Maia apontou também ver certa ligação entre os protestos e os inquéritos das fake news, ligando pessoas do governo uma rede de difamação de adversários e de impulsionamento de pautas defendidas por Bolsonaro. Segundo Maia, as ameaças feitas à Corte seriam uma forma de evitar que o STF continue investigando os envolvidos em tal escândalo.
Também na última semana, empresários, políticos e demais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro foram alvo de operação da Polícia Federal ligada ao inquérito do Supremo que investiga a rede de "fake news" na qual governistas estariam envolvidos. Foi após esta operação que Eduardo Bolsonaro fez as declarações polêmicas que agitaram Brasília no final da última semana.
Rodrigo Maia se esquiva sobre impeachment
Durante os atuais protestos e investigações a Bolsonaro e pessoas do governo, o tema do impeachment tem sido levantado constantemente. São pouco mais de 30 os pedidos de impedimento, a ampla maioria feita pela oposição.
No entanto, quem aposta que pedidos deste tipo sejam analisados pela Câmara não terá, neste momento, o aval de Maia.
O presidente da Câmara afirmou que não vê o momento atual oportuno para falar de impeachment de Jair Bolsonaro, preferindo buscar unificar o país no momento duro da pandemia do coronavírus.
Na entrevista, Rodrigo Maia declarou que manterá a postura adotada de quando teve que analisar pedidos de impeachment de Michel Temer, antecessor de Bolsonaro, dizendo que o tempo da política regirá aos possíveis processos.