O Ministério Público apontou mais um advogado do senador Flávio Bolsonaro como o elo que unia as diversas atividades de organização criminosa supostamente liderada pelo parlamentar. De acordo com os promotores do caso, o advogado Luis Gustavo Botto Maia passou a agir de forma criminosa ao adulterar provas e obstruir a atuação da Justiça na investigação. Maia atuou como cúmplice juntamente com os funcionários da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) em esquemas que desviavam recursos públicos.
O Ministério Público ainda afirma que o advogado servia de intermediário entre o grupo e o miliciano Adriano da Nóbrega, acusado de liderar a milícia Escritório do Crime.
O miliciano foi morto pela Polícia na Bahia, em fevereiro deste ano de 2020.
Suposta adulteração de registros de pontos
Os promotores do Ministério Público afirmaram que Botto Maia supostamente orientou a ex-assessora de Flávio, Luiza Paes, a fraudar os registros de ponto da Alerj, após a visita de jornalistas que buscavam informações na Assembleia sobre os funcionários do antigo gabinete de Flávio Bolsonaro. No pedido de prisão de Queiroz, os promotores informaram à 27.ª Vara Criminal que um grupo trabalhou buscando os registros dos bancos de dados para que "assessores fantasmas" assinassem o ponto de forma retroativa antes de serem entregues aos jornalistas.
Segundo o MP, Luiza compareceu na Alerj no dia 24 de janeiro de 2019 a mando de Botto Maia para assinar os registros de pontos do ano de 2017 de forma retroativa.
A intenção desta ação se configura na clara evidência de que o advogado tinha a intenção de atrapalhar as investigações e o inquérito sobre a organização criminosa que desviava recursos públicos através do esquema de rachadinhas supostamente liderado por Flávio Bolsonaro. De acordo com as investigações, o advogado Botto Maia também ajudou a manter afastados do Rio de Janeiro o ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz (preso em Atibaia, SP, nesta quinta (18) e a Raimunda Magalhães, mãe de Adriano Nóbrega. Ambos buscavam se esquivar das investigações policiais.
A atuação de Botto Maia no esquema é bastante incisiva, conforme mostra os resultados do MP.
Diante da situação o Juiz Flávio Itabaiana determinou que fossem presos os computadores, celulares e os documentos que se encontram na casa do advogado, bem como exigiu sua presença uma vez por mês na Justiça e interrompeu qualquer tipo de contato com os demais investigados.
Advogado Botto Maia será exonerado do cargo
Maia trabalhou na campanha eleitoral de 2018 como advogado do senador Flávio, além de tratar da prestação de contas do senado junto a Justiça Eleitoral.
Botto Maia foi chefe de gabinete da liderança do PSL até abril, em julho 2019 passou a ser funcionário da Alerj, posteriormente foi para o gabinete do deputado Renato Zaca (sem partido) como assessor parlamentar. Zaca informou em nota que diante do ocorrido, Botto Maia será exonerado do cargo. Até o momento, a decisão ainda não consta no Diário Oficial da União.