O inquérito que apura a suposta interferência de Jair Bolsonaro no comando da Polícia Federla deverá ser prorrogado por mais 30 dias. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deverá permitir que a PF estenda por mais um mês a investigação relacionada ao presidente.
Além disto, a PGR também pedirá que Bolsonaro deponha sobre a acusação feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que estaria buscando mudar o controle da PF para garantir que investigações não chegassem a núcleos próximos de sua família.
Depoimento de Bolsonaro será por escrito
O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, pedirá que o presidente deponha. No entanto, o depoimento deverá ser feito por escrito. Segundo os procuradores, uma das prerrogativas dadas ao cargo de presidente da República é o de poder fazer tal tipo de depoimento sem contato com os investigadores.
Não há prazo para quando Bolsonaro terá de enviar seu depoimento à PF. Isto deverá ser anunciado nos próximos dias, assim que a PF autorizar que o presidente preste esclarecimentos sobre o caso.
Celso de Mello decidirá prorrogação
A prorrogação das investigações ficará a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro-relator do inquérito é Celso de Mello, decano da Corte. Na sexta-feira (29), houve um pedido do ministro para que a PGR fizesse alguma manifestação do pedido de extensão do caso pela PF.
No entanto, a presença do ministro no caso tem gerado críticas. Um texto de uma mensagem no WhatsApp na qual invocava semelhanças entre as atitudes de Bolsonaro e as da Alemanha na ascensão do nazismo e também expôs os temores de uma ditadura colocaram para alguns uma possível suspeição do ministro.
Segundo o jornal, Celso de Mello afirmou que o texto foi uma "manifestação de opinião pessoal" e que não tem nada a ver com qualquer decisão relacionada ao caso a ser investigado no STF.
Entenda a investigação sobre Bolsonaro
O caso explodiu na saída do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Moro recusou a proposta de Bolsonaro de trocar a direção da PF, antes ocupada por Maurício Valeixo, por uma pessoa de sua confiança. Quando da demissão de Valeixo, Moro anunciou sua saída.
A interferência política investigada no inquérito é de que o presidente gostaria de alguém que o "informasse" de inquéritos da corporação. Com a suspeita de que estas informações seriam sobre investigações que envolveriam os filhos do presidente e pessoas do entorno do governo feitas pela PF.
O vídeo da reunião ministerial realizado em 22 de abril e divulgado pelo STF seria uma das provas que apontariam a intenção de Bolsonaro de interferir politicamente na PF e cita a troca no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela segurança do presidente, como fator para tal.