Sergio Moro não ficará sem emprego após ter deixado o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Nesta semana, o site O Antagonista anunciou que o ex-ministro e ex-juiz da Lava-Jato passará a ser colunista da revista Crusoé, que pertence aos criadores da página.

O anúncio foi feito na última segunda-feira (15) e envolverá artigos quinzenais do ex-ministro na revista. A estreia de Moro como colunista será já na edição a ser lançada nesta sexta-feira (19).

Sergio Moro na Crusoé

No anúncio da contratação do ex-ministro, a revista afirma que Sergio Moro irá poder dar opiniões quaisquer sobre a política brasileira, "sem as amarras de magistrado e ministro".

As provisões que tinha em seu trabalho como juiz e no ministério o impediam de dar opiniões sobre os assuntos que não fossem as que coubessem nas respectivas funções.

"A Crusoe poderá contar agora com a voz livre do ex-Juiz de Curitiba e do ex-Ministro da Justiça. Na condição de colunista, ele também poderá fazer história", diz o comunicado da revista.

A cada 15 dias, Moro comentará assuntos dos mais variados sobre o sistema político do país. E também lançar comentários sobre ações do governo Jair Bolsonaro, do qual saiu em rota de colisão com o presidente, o acusando de tentar interferir de forma política na condução da Polícia Federal para tentar proteger familiares e aliados de investigações do órgão.

No Instagram, o ex-ministro da Justiça também fez um post de menção ao fato de que será o mais novo contratado da revista Crusoé a partir desta semana.

Decisão de Conselho permite a Moro escrever

A contratação de Sergio Moro pela Crusoé também se deu por decisão da Comissão de Ética da Presidência. Quando de sua saída do ministério, o ministro recebeu uma suspensão de seis meses de qualquer trabalho ligado à advocacia, numa espécie de "quarentena".

Por ter tido acesso a dados do governo devido a sua posição no ministério, Sergio Moro recebeu a suspensão, que irá durar até outubro, mas recebendo ainda os salários a que tinha competência pelo seu trabalho no ministério (cerca de R$ 31 mil) até o fim da restrição.

A restrição, porém, não se aplica a atividades fora da advocacia.

Moro poderá escrever para jornais e revistas e também dar palestras durante este período. Por causa da não restrição à atividade de articulista, acertou com a Crusoé para se tornar seu colunista a partir desta semana.

Carlos Bolsonaro debocha de Sergio Moro

No entanto, nem todos parecem ter celebrado a presença de Sergio Moro como articulista para a imprensa. O vereador carioca Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente, foi ao Twitter e debochou da contratação de Moro.

Carlos afirmou que Moro trabalhava "informalmente" nos últimos 15 meses, se referindo ao período do ex-ministro na pasta da Justiça. E também disparou contra o fato de que este iria trabalhar recebendo "carteira assinada".

O perfil de O Antagonista também usou as redes sociais para rebater Carlos Bolsonaro, afirmando que o vereador carioca seria um "vagabundo que recebe dinheiro público para não trabalhar".