A revista Crusoé revelou um gasto de R$ 47 milhões por parte do Governo de Jair Bolsonaro, direcionado a JBS, para a compra de carnes. Os produtos fazem parte do cardápio de militares da Marinha e do Exército Brasileiro e contam com maminha, filé mignon e peças de picanha.
Ainda de acordo com a publicação, desde que Jair Bolsonaro foi eleito presidente e tomou posse do cargo, foram feitas pelo menos 30 negociações entre o Ministério da Defesa e o frigorífico dos irmãos Joesley e Wesley Batista, para o fornecimento de carnes congeladas aos militares.
JBS
Em uma reportagem anterior, a Crusoé revelou que o ex-advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, recebeu da JBS um montante de R$ 9 milhões em um período de cinco anos.
O Ministério Público do Rio de Janeiro conseguiu identificar os repasses através de um relatório do conselho de Controle de Atividades Financeiras, COAF.
Esquema de Rachadinha
Nas investigações do esquema de rachadinha da Alerj, na época em que Flávio Bolsonaro era deputado estadual, e que levou a prisão de seu ex-assessor Fabrício Queiroz, o Ministério Público do Rio de Janeiro investiga qual era o tipo de relação entre o ex-assessor de Flávio e o ex-advogado dele Frederick Wassef, uma vez que Queiroz foi preso pela Polícia Federal em uma residência do advogado, na cidade de Atibaia, em São Paulo.
PGR
Na última quinta-feira (20), a Procuradoria Geral da Justiça se manifestou sobre as transações financeiras, informando que pedirá maiores informações para o Ministério Público em torno dos supostos pagamentos.
A Procuradoria Geral tem como principal objetivo descobrir se esses pagamentos tem ligação direta com um acordo de delação premiada realizado entre a PGR e os irmãos donos da JBS.
Caso a relação entre os pagamentos e o acordo realizado com Joesley e Wesley Batista sejam confirmados caracterizariam irregularidades e reforçariam a tese de que omissões foram realizadas no acordo de delação.
Relação com Jair Bolsonaro
Frederick Wassef e o presidente Jair Bolsonaro teriam interferido no processo junto a PGR em favor da empresa JBS.
Em outubro do ano passado, os irmãos foram à PGR para negociar o acordo de delação, e o presidente Jair Bolsonaro pediu a Aras que Wassef fosse recebido pela equipe da PGR, sendo que era advogado dele e de seu filho Flávio. Desde as investidas realizadas pelo advogado, o processo vai e volta ao gabinete de Aras.
Com a revelação da Crusoé, a JBS afirma que a contratação de Wassef não teve relação com a delação premiada e Aras nega que tenha existido qualquer interferência do presidente Jair Bolsonaro no acordo.
Delação Premiada
A delação é considerada a maior já realizada no Brasil, porém a PGR defende a anulação do acordo e dos depoimentos, uma vez que foram constatadas omissões de fatos criminosos bastante relevantes ao processo e mesmo após a delação os irmãos continuaram praticando atos irregulares e ilícitos no âmbito financeiro.