Durante live nesta última quinta-feira dia (19), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a falar sobre a exportação ilegal de madeira proveniente da Amazônia. Na ocasião, foram convidados para participar da live o ministro da Justiça, André Mendonça, e o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva.

Os convidados endossaram a fala de Bolsonaro sobre o discurso de que empresas do exterior adquirem madeira do Brasil de foram ilegal. Na ocasião, Bolsonaro, sem apresentar provas, disse que alguns índios da Amazônia estariam trocando madeira em troca de Coca-Cola ou cerveja.

"As críticas [internacionais] são potencializadas. Existe o desmatamento ilegal? Existe! Existe até locais onde o índio troca uma 'tora' por uma Coca-Cola ou cerveja", concluiu o presidente.

Bolsonaro evita comentar o resultado das eleições municipais

Durante sua live, Bolsonaro evitou comentar sobre o resultado das eleições municipais do último domingo (15). Após declarar apoio a uma série de candidatos, a grande maioria sofreu derrotas significativas nas urnas.

Também vale ressaltar que ainda existem candidatos apoiados por Bolsonaro que foram para o segundo turno, como Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro, e Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza.

Bolsonaro não revela nome de importadores da madeira ilegal

A Polícia Federal (PF) vem investigando a compra de madeira ilegal por parte de países estrangeiros. Recentemente a Marinha do Brasil anunciou que dará apoio as operações. Ainda de acordo com as investigações, as autoridades brasileiras afirmam possuir em sua posse uma lista contendo o nome das principais empresas importadoras de madeira ilegal oriunda da Amazônia.

Sem citar os nomes dos envolvidos, Bolsonaro afirma que muitos destes países são críticos à política ambiental de seu Governo. Após ser perguntado por um jornalista a respeito da quantidade do material que está sendo extraída ilegalmente por parte de empresas da Europa, Bolsonaro evitou responder diretamente à pergunta, mas disse que seu governo vem monitorando a quantidade do Ipê que está sendo exportado para vários países e que essa exportação está sendo superior à retirada permitida em reservas legais de extração.

O presidente também afirmou que a França é uma grande concorrente do Brasil em commodities e tem atrapalhado o avanço do acordo econômico com a União Europeia.

Ministro e delegado da PF reforçam discurso de Bolsonaro

Em sua participação na live de Bolsonaro, o ministro da Justiça, André Mendonça, disse que a retirada ilegal de madeira vem se acontecendo ao longo dos últimos anos. Ainda de acordo com seu discurso, Mendonça classificou os extratores das florestas como os menos favorecidos, que vêm gerando lucros para empresas de países europeus que acabam enriquecendo ao comprar um produto em grande qualidade e por um baixo preço.

Após a fala de Mendonça, foi a vez do delegado da PF Alexandre Saraiva dar o seu parecer sobre o assunto.

Em seu discurso, o superintendente da PF afirmou que o maior conservatório de ararinha-azul está na Alemanha, vinculando o país ao tráfico de animais.

Logo em seguida, Saraiva teve a fala interrompida por Bolsonaro, que voltou a citar que o Brasil não está acusando ou criminalizando os países citados como colaboradores da ilegalidade, embora tenha dito que os europeus têm sim uma cota de culpa ao permitir a entrada ilegal de minérios e animais silvestres.

Saraiva ainda citou que hoje em dia muitos países conseguem acessar imagens de satélite que mostram que a agricultura no Brasil não está contida na região amazônica, indicando que os incêndios na Amazônia não estão ligados a práticas agrícolas.

O chefe da PF citou ainda que 90% dos artigos científicos são mentirosos ao ligarem o desmatamento da floresta à agricultura e à pecuária. Ele também destacou que parte dessas notícias têm como fontes ONGs e órgãos ambientais e que os pesquisadores precisam ir mais a campo a fim de averiguar as irregularidades, ao invés de ficar palpitando sobre o assunto e causando enormes prejuízos ao meio ambiente do Brasil.