Nesta segunda-feira (4), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) se manifestou sobre a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com um tom de intimidação contra a instituição responsável por investigar dois de seus filhos, o senador pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro e o vereador, também pelo Rio, Carlos Bolsonaro, ambos do partido Republicanos.

Em uma live realizada no dia 31 de dezembro, o mandatário questionou o Ministério Público do Rio sobre qual seria o procedimento da instituição caso houvesse uma delação de tráfico internacional de drogas que envolvesse o filho de uma autoridade do MP-RJ.

Bolsonaro afirmou que se trata de "um caso hipotético", porém sua declaração pareceu uma possível ameaça contra membros do MP fluminense.

Preste atenção

Jair Bolsonaro em sua fala disse para que o MP-RJ prestasse atenção no que ele iria dizer. Após relatar a situação, que por diversas vezes o presidente disse se tratar de uma hipótese, o líder do Executivo questionou o que a instituição iria fazer, se eles iriam aprofundar a investigação ou providenciariam que o filho da autoridade do MP fosse para fora do país e iriam procurar uma forma de arquivar o inquérito.

A BBC News Brasil procurou o Ministério Público do Rio de Janeiro que informou por meio de nota que não tem conhecimento de investigação em andamento sobre filho de integrante do MP que esteja envolvido em tráfico internacional de drogas.

A instituição ainda informou que Jair Bolsonaro deve formalizar denúncia caso tenha conhecimento de alguma atuação errada do MP-RJ.

A nota ressaltou também que acusações sem provas com a intenção de "macular a honra alheia" podem resultar em responsabilização dos acusadores.

A nota da instituição ainda informou que as declarações de Bolsonaro na live não irão alterar em nada as investigações em andamento.

O MP-RJ investiga a possível participação do hoje senador Flávio Bolsonaro em um suposto esquema de desvio de verbas públicas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) quando ainda era deputado estadual. No suposto esquema criminoso eram usados assessores fantasmas.

A investigação resultou em novembro passado em uma denúncia criminal contra o filho mais velho de Jair Bolsonaro.

Carlos Bolsonaro também está sendo investigado pelo MP se teria usado funcionários fantasmas em seu gabinete como vereador.

Queiroz

Os promotores acreditam que existem provas concretas para provar que houve esquema de Corrupção na Alerj com o envolvimento de Flávio Bolsonaro.

O operador deste esquema seria Fabrício Queiroz, ex-motorista e ex-assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Queiroz é amigo de décadas de Jair Bolsonaro e atualmente está em prisão domiciliar.