Na terça-feira (26), foi protocolado na Câmara dos Deputados por lideranças religiosas um pedido de impeachment do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), pela forma como o mandatário vem conduzindo o combate à pandemia do novo coronavírus. Assinaram o documento 380 pessoas, entre bispos, frades, padres e pastores, além de pessoas ligadas às igrejas anglicana, batista, católica, metodista, presbiteriana, e também 17 movimentos cristãos. A Secretaria de Comunicação da Presidência foi consultada sobre o assunto, mas informou que não iria comentar.
Existem outros 61 pedidos de impeachment que foram apresentados à Câmara dos Deputados, sendo que 56 deles estão sendo analisados, de acordo com informações da Secretaria Geral da Câmara. Os outros cinco foram arquivados ou ainda não aceitos por questões formais, sem que fosse analisado o mérito. É responsabilidade do presidente da Câmara decidir se vai aceitar ou não um pedido de impeachment. O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na próxima semana deixará o cargo. No dia 1º de fevereiro irá acontecer a eleição que decidira quem o irá substituir no comando da Câmara dos Deputados.
O comunicado do protocolo do pedido de afastamento de Bolsonaro foi realizado em um ato no Salão Verde em que estavam presentes alguns representantes religiosos e parlamentares que fazem oposição ao Governo.
A representante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, pastora Romi Bencke, alegou que a principal razão para este novo pedido de impeachment está ligada à total ausência de iniciativas do governo federal para diminuir e barrar os impactos causados pela pandemia da Covid-19. A pastora ainda acrescentou que todo o país está sufocando junto com Manaus, pois a população foi abandonada por "um governo que nega o direito à vida".
Acusações
No documento de 74 páginas, os autores dizem que as "ações e omissões" do presidente da República durante a pandemia são consideradas crimes de responsabilidade contra a probidade administrativa. O texto afirma que o ocupante do Palácio da Alvorada se voltou contra as recomendações de autoridades sanitárias, não respeitou a obrigatoriedade do uso de máscaras, promoveu e incentivou aglomerações, duvidou da eficácia das vacinas, além de colocar obstáculos para a aquisição dos imunizantes.
Bolsonaro também incentivou o uso de medicamentos e tratamentos que não receberam o aval da comunidade científica, o que levou, entre outros resultados, na pressão para que o Ministério da Saúde saísse em defesa de medicamentos sem eficácia comprovada em Manaus, enquanto o estoque de oxigênio se esgotava na capital do Amazonas, afirma o pedido.