O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avaliou que é possível que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), possa sofrer um processo de impeachment se a vacinação contra o novo coronavírus demorar a ter início.

Porém, o parlamentar negou que será ele quem colocará em pauta um pedido de impeachment contra Bolsonaro, pois está em final de mandato.

Segundo Rodrigo Maia, na questão da vacinação a sociedade está fazendo uma pressão na Câmara poucas vezes vista nos últimos tempos, afirmou o parlamentar em entrevista ao site Metrópoles.

"Talvez ele [Bolsonaro] sofra um processo de impeachment muito duro se não se organizar rapidamente. Porque o processo de impeachment, você sabe, é o resultado da pressão da sociedade", afirmou Maia.

O parlamentar justificou sua decisão de não enviar um processo de impeachment contra o chefe do Executivo neste momento dizendo que a Câmara está em recesso e que se enviasse agora um processo de impeachment ele somente iria criar desorganização em um momento em que a casa legislativa está escolhendo um novo presidente. Maia disse que essa decisão deve ser tomada pelo novo presidente da Câmara.

A eleição, tanto para a Câmara dos Deputados quanto para o Senado, irá ocorrer no dia 1° de fevereiro.

Disputa pela Câmara

Maia está apoiando o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), que também está recebendo o apoio de 11 partidos. O rival de Rossi na disputa é o parlamentar Arthur Lira (PP-AL).

Na segunda-feira (11), depois de se reunir com a parcela catarinense do MDB, Baleia Rossi afirmou que um possível pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro irá ser tratado "com muita clareza e objetividade" e seguindo o que manda a Constituição Federal.

A declaração veio logo assim que a cúpula do PT questionou o parlamentar sobre suas declarações sobre o tema.

No domingo (10), a deputada federal Gleisi Hoffman, a presidente nacional do PT, declarou que um dos itens constantes no acordo para que Rossi tivesse o apoio da sigla na eleição era o de levar em consideração abrir um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.

Segundo Baleia Rossi, sua candidatura à presidência da Câmara quer garantir que seja respeitada a diferença de opinião.

Em seu discurso de campanha ele ainda garantiu que sua candidatura não é de oposição e sim de defesa da independência da Câmara.

Apesar da reclamação da presidente do PT, outros integrantes do partido que foram ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmaram que o fato de Rossi se manter longe de polêmicas conta a seu favor.

Os entrevistados acreditam que o maior desafio do deputado será o de conseguir que haja consenso entre os outros 10 partidos que declararam apoio à sua candidatura.