Gisele Guida de Faria, juíza da 38ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, determinou nesta quinta-feira (18) a suspensão do inquérito policial contra o empresário e youtuber Felipe Neto. O influenciador digital foi intimado a prestar depoimento na Polícia Civil na manhã do mesmo dia por ter se referido ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como “genocida”.
Para a magistrada, houve “flagrante ilegalidade” na investigação. Ela ressaltou ainda que o Pablo Dacosta Sartori, o delegado responsável por abrir o procedimento, não tem atribuição para conduzir o caso.
A juíza acrescentou que a apuração nem poderia ter sido iniciada.
O caso
Felipe Neto recebeu uma intimação na última segunda-feira (15) para comparecer à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil do Rio de Janeiro para prestar depoimento em relação ao procedimento que Felipe Neto está sendo investigado sob a acusação de calúnia e crimes contra a segurança nacional. De acordo com Neto, a acusação é referente à ocasião em que ele classificou o presidente Jair Bolsonaro como "genocida".
Felipe Neto publicou uma fotografia do mandado de intimação em seu perfil no Twitter. No texto que acompanha a imagem, o youtuber diz que o delegado autor da intimação, Pablo Dacosta Sartori, é o mesmo oficial a quem o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, teria feito uma acusação de "corrupção de menores" contra Felipe Neto.
O youtuber declarou que sua atribuição do termo para Bolsonaro é motivada pela visível falta de uma política de saúde pública na gestão da pandemia, o que leva a milhares de óbitos de brasileiros. O empresário disse ainda que não se pode silenciar uma crítica política.
Fernando Haddad
Outra personalidade que usou o mesmo termo para se referir ao presidente da República foi o ex-ministro, ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2018, Fernando Haddad (PT).
O petista saiu em defesa de Felipe Neto e questionou em entrevista ao canal TVT porque Jair Bolsonaro não envia a Polícia Federal (PF) até ele, que já usou o termo contra Bolsonaro “mil vezes”. Na entrevista também estavam presentes o ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro (PT) e Juliano Medeiros, presidente do PSOL.
Haddad também lembrou que João Doria (PSDB), governador de São Paulo, outrora aliado de Bolsonaro, também usou o mesmo termo para se referir ao ocupante do Palácio da Alvorada. O petista então pediu que Bolsonaro “seja homem” e processe também o governador tucano.