Agentes da Polícia Federal, delegados, policiais rodoviários, peritos e outras 20 carreiras de segurança pública chamaram o presidente da República de traidor. Isto porque, eles alegam que o presidente traiu a categoria quando prometeu que pouparia os profissionais dos congelamentos na PEC Emergencial. As informações são da coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo.
Os integrantes da União dos Policiais do Brasil (UPB) se uniram e planejaram fazer paralisações no país ao longo desta quarta-feira (8), já que não podem fazer greve.
Segundo informações da coluna Painel, o texto da PEC Emergencial, que foi enviado pelo Senado à Câmara, obteve apoio do Planalto, e um dos filhos do presidente, Flávio Bolsonaro, votou contra excluir os policiais da PEC.
Caso o texto seja aprovado, isto permitirá que o salário dos profissionais sejam congelados, além de proibir novas contratações e progressão na carreira, sempre que o estado de calamidade for ativado pelo Governo.
Representes da polícia criticam postura de Bolsonaro
O presidente da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), Luiz Antônio Boudens, afirmou à Folha que Bolsonaro age traição e cria estratégias para que o Congresso seja culpado. Luiz Antônio destacou que quando Rodrigo Maia estava à frente da Câmara era mais fácil e que no Senado, o governo tinha votado contra a emenda que foi defendida pelos policiais. Para Luis Antônio, isto é uma estratégia do presidente, que, segundo ele, faz um discurso em público e faz outra coisa totalmente diferente nos bastidores.
Assim como o presidente da Fenapef, o líder da FenaPRF (Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais), Dovercino Borges, também criticou a postura de Bolsonaro. Borges ressaltou que todos os profissionais da categoria estão decepcionados e que a paralisação seria uma forma de mostrar que a segurança pública desembarcou no governo Bolsonaro.
Policiais falam em 'terceira traição de Bolsonaro'
Marcos Camargo, representante dos peritos federais, afirmou à coluna Painel que a paralisação tem como objetivo chamar a atenção para o que a categoria vê como "equívocos e absurdos" da PEC.
Para Camargo, esta seria a terceira traição de Bolsonaro com a categoria. A primeira foi quando houve a reforma da Previdência, a segunda foi quando envolveu a Lei Complementar 173, e esta de agora, que ele classificou com "muito grave".
Categoria fala em contradição de discurso de Bolsonaro nas eleições
Para a coluna Painel, o presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal), Edvandir Paiva, disse que o apoio do governo em relação à PEC não é compatível com o discurso que Bolsonaro usou durante a campanha eleitoral de 2018.
Paiva destacou que a categoria está trabalhando intensamente neste período de pandemia a fim de evitar desvios de recursos e realizando operações, e que vê como desproporcional inserir um congelamento salarial na Constituição sem prazo definido.