Segundo o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), o Brasil "está no limite". Ele ainda afirmou que está esperando "uma sinalização do povo" para "tomar providências", sem explicar, no entanto, o que quis dizer. Bolsonaro fez suas enigmáticas declarações na última quarta-feira (14), na entrada do Palácio da Alvorada, onde costumeiramente conversa com seus simpatizantes. Na conversa, ele ainda falou em "barril de pólvora" por causa dos problemas que a população está enfrentando na pandemia da Covid-19.

Após afirmar que recebeu informações do Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) de que está havendo o desperdício de tomates.

Bolsonaro fez uma previsão de que seria apontado como sendo o culpado de uma escalada da inflação.

Para bom entendedor

Foi nesse momento que o líder do Executivo falou pausadamente sobre o país estar no seu limite e que ele deve tomar providência e que está aguardando a vontade popular. Depois da fala misteriosa com tom de ameaça, Bolsonaro voltou a comentar, de maneira distorcida, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para afirmar de maneira equivocada que não pode fazer nada politicamente para conter o coronavírus no Brasil.

O presidente ainda citou a ministra do Supremo Cármen Lúcia, que disse para que o presidente do STF, Luiz Fux, marque o julgamento de uma notícia-crime contra o líder do Executivo por suspeita de genocídio contra a população indígena no Brasil durante a pandemia.

Mais ameaças

Dirigindo-se aos ministros da mais alta Corte do país como "amigos do STF", Bolsonaro declarou que falta pouco para ter uma enorme crise no país, pois ele viu que um ministro está responsável por um processo que irá julgar o presidente por genocídio.

No início da pandemia, o STF determinou que o Governo federal, os governos estaduais e os governos municipais tivessem atuação concorrente na gestão da pandemia da Covid-19.

O que, na prática, quer dizer que tanto o presidente da República, os governadores e prefeitos têm autonomia para decidir sobre medidas para combater a pandemia da Covid-19.

As falas de Jair Bolsonaro mais uma vez se referem às ações tomadas por prefeitos e governadores na gestão da pandemia, quando foram tomadas medidas de isolamento social, que sempre receberam críticas do presidente da República, que alega que o isolamento social causa fome e desemprego.

Mas, contrariando o que diz Bolsonaro, a maioria dos epidemiologistas e economistas afirma que um controle mais rígido da circulação poderá causar um arrefecimento mais rápido da crise sanitária e influir em uma volta mais rápida da economia.