Ciro Gomes (PDT) foi um dos palestrantes do SindMais Conecta, nesta quarta-feira (28). O evento reúnem pessoas numa discussão sobre o mercado de trabalho. Ex-ministro, ex-governador do Ceará e ex-prefeito de Fortaleza, Ciro Gomes foi o terceiro mais votado na eleição presidencial de 2018 e deve ser o nome pedetista na disputa de 2022.

Devido à pandemia, as palestras estão sendo ministradas virtualmente e transmitidas pelo YouTube. São dois dias de debates, e além de Ciro Gomes, outros nomes da política participaram do SindiMais, como o ex-presidente Michel Temer (MDB), Paulinho da Força (Solidariedade) e o deputado Orlando Silva (PCdoB).

Debate

O tema da palestra de Ciro foi "Projeto Nacional Para o Desenvolvimento das Relações do Trabalho no Brasil". Ele iniciou a conversa comentando sobre o momento de desenvolvimento que o país teve em meados do século passado. "Vamos a alguns números para provar porque que eu considero que o modelo de desenvolvimento brasileiro colapsou. Entre 1945, quando acaba a 2ª Guerra Mundial, e 1980, quando há uma alta importante da taxa de juros internacional, o Brasil cresceu 7 pontos percentuais por ano em média. Isso é um número que nenhum país do mundo alcançou. Durante meio século praticamente o Brasil é o país que mais cresceu, melhor falar cresceu do que desenvolveu, do mundo todo. Isso é muito importante a gente ter clareza, porque o céu abençoado pelo Cruzeiro do Sul é o mesmo", pontou.

O pedetista critica o modelo liberal que teria sido adequado à realidade brasileira. "Do mundo acontece de fora para dentro do Brasil a tal história de uma nova ideia, que não é nova, mas que foi botada uma roupa nova nela que é chamado o neoliberalismo. O que é o neoliberalismo? Neoliberalismo é uma ideia que simplifica tudo e é fácil de entender porque as pessoas não são obrigadas a conhecer como é que funciona a economia e a integração internacional, mas, em simples linhas quer dizer o seguinte: vamos acabar com essa história de o Governo se meter na economia, vamos diminuir à menor dimensão possível, o estado mínimo.

Vamos tirar esse estado do domínio econômico e deixar que o mercado, a competição acirrada e selvagem do mercado, resolva a parada do desenvolvimento", afirmou.

Ciro segue com as críticas a esse modelo. "Isso foi vendido por três décadas no mundo e no Brasil como ciência boa, sendo ideologia de quinta categoria, porque isso nunca aconteceu na história verdadeira da humanidade.

Jamais existiu desenvolvimento que não tivesse a parceria de um estado poderoso, empresariado competente e uma universidade que produzisse as respostas tecnológicas e científicas que o modelo de desenvolvimento pede. Mas Brasil caiu nessa esparrela que está até hoje", atacou.

Como reverter a recessão

Para Ciro não adianta ficar esperando que apenas a iniciativa privada resolva nosso problema.

"Nós precisamos debater como vamos sair disso. Primeiro: nós vamos continuar acreditando em 'mula sem cabeça' de achar que o mercado sozinho vai resolver a parada do desenvolvimento brasileiro de metade do povo no desemprego ou na informalidade, da insegurança pública generalizada diante da absoluta desmoralização do estado, que não consegue proteger as famílias brasileira, os crimes aumentando e uma pandemia dessa natureza.

Fica flagrante que não", disparou.

Para o político ,devemos ter um plano a médio prazo. "Então nós precisamos entender que o Brasil precisa de um projeto. Projeto é um plano. Quer dizer o seguinte, nós estamos aqui, a dificuldade é essa, o tamanho do problema é esse e nós queremos ir pra lá. O Brasil devia fazer um plano de 30 anos para ser um país parecido com a Espanha em termos de indicadores sociais" disse.