Enquanto o Brasil já superou a triste marca das 460 mil mortes pelo novo coronavírus, o mundo passou dos 3,5 milhões de óbitos. É consenso da grande maioria dos especialistas que a vacinação é a arma mais eficaz para evitar mais mortes, além do surgimento de novas variantes.
Segundo a plataforma coronavirusbra1, receberam a segunda dose do imunizante no Brasil, até o sábado (29), pouco mais de 10% da população --correspondente a 22 milhões de pessoas. Mais de 45 milhões tomaram a primeira dose, o que equivale a 21%.
As vacinas mais aplicadas no país, que são a Coronavac, Oxford/Astrazeneca e a Pfizer, requerem duas doses.
Percentualmente, o estado que mais vacinou a população foi o Rio Grande do Sul (13% com as duas doses e 27% com a primeira) e o que menos vacinou é o Acre (5,9% primeira e 14% segunda dose).
Guilherme Boulos
O político do PSOL Guilherme Boulos tem ganhado destaque no espectro político da esquerda brasileira. O professor e ativista ligado ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) foi candidato à presidência da República em 2018 e chegou ao segundo turno das Eleições para a prefeitura de São Paulo, em 2020, quando foi derrotado por Bruno Covas (PSDB).
Boulos é cogitado para concorrer ao governo do estado mais rico da federação em 2022. Ele, que também é oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro, critica o ritmo da vacinação no Brasil e no mundo.
"Quem aí acha que todo mundo vai ser vacinado? E quando? A vacinação contra a Covid no Brasil está a conta-gotas. 60% dos idosos ainda não estão totalmente imunizados [duas doses]. E se seguir esse ritmo, eu você, a população toda, todo mundo, só vai estar integralmente vacinada em 2024. Enquanto isso, nos Estados Unidos, mais da metade da população total já está vacinada e na África menos de 2%.
Não adianta. Enquanto as vacinas continuarem indo apenas para países ricos o drama da pandemia não tem fim. Para vacinar toda população mundial a gente precisa de pelo menos quatorze bilhões de doses por ano", disse.
Quebra de patentes
Para agilizar a vacinação, Boulos acredita que a democratização dos direitos dos imunizantes poderia resolver o problema.
"Isso não é possível sem um simples gesto: a quebra das patentes de todas as vacinas contra a Covid", pediu.
De acordo com o político, a situação sanitária exige isso. "77 cientistas de vários países do mundo escreveram um artigo na revista [britânica] Nature sustentando que se em um ano, o nível de disseminação do vírus continuar o mesmo, as vacinas podem se tornar ineficazes pelo surgimento de novas variantes", citou.
O nome do PSOL diz que a vacinação, para ter seu efeito mais eficaz, deve ser um bem de todos. "Não adianta vacinar só o condomínio fechado dos ricos, o vírus não respeita nem muro nem cerca (...) A vacinação nunca funciona numa lógica individual, ou só de um único país, ela só funciona se for em massa", afirmou.