O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, afirmou nesta segunda-feira (17) que "não vê razão" para que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seja convocado para depor na comissão parlamentar de inquérito que investiga as ações e eventuais omissões do Governo federal no combate à pandemia do coronavírus. De acordo com o parlamentar, não existem indícios de que o filho do presidente da República tenha interferido nas negociações com a farmacêutica Pfizer por imunizantes contra a Covid-19.

Em entrevista ao canal CNN Brasil, Aziz disse que ao ser perguntado sobre a presença de Carlos Bolsonaro na reunião com Pfizer, o ex-secretário de Comunicação do governo federal Fabio Wajngarten não comentou nada sobre a presença do vereador carioca, porém, o depoimento de Carlos Murillo, CEO da Pfizer, não compromete o filho de Jair Bolsonaro.

Pais e filhos

O presidente da CPI da Covid ainda declarou que é preciso ter muito cuidado para não politizar a CPI. Até o momento ele não viu motivo para que Carlos fosse convocado. Aziz ainda foi além e afirmou que se estivesse na situação do vereador, também tentaria ajudar o pai, “mas sem dar ordem para ministro”.

Na última quinta-feira (13), o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou um requerimento que pedia a convocação de Carlos Bolsonaro e também do assessor especial da Presidência Filipe Garcia Martins.

Se para o presidente da CPI da Covid o depoimento do gerente-geral da Pfizer para a América Latina não causou nenhum embaraço para Carlos, foi justamente o relato de Murillo que motivou Alessandro Vieira a pedir a presença do vereador do Rio de Janeiro na CPI da Covid. O CEO da Pfizer afirmou que Carlos Bolsonaro permaneceu pouco tempo na reunião, por sua vez, Filipe Garcia Martins permaneceu na sala até o final.

Omissão

Omar Aziz comentou na entrevista que, pelos depoimentos prestados até o momento, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich foram omissos em vários momentos, principalmente quando se tratava de revelar os nomes de quem teria feito a recomendação de alterar a bula da cloroquina para que o remédio pudesse ser recomendado para o tratamento da Covid-19.

Aziz disse que não acha que Bolsonaro tenha tido um sonho em que viu que a cloroquina e a ivermectina são eficazes contra o coronavírus. Segundo Aziz, foi alguém que lhe induziu a pensar dessa maneira. Foi ainda perguntado aos ministros Mandetta e Teich quem foram essas pessoas que aconselharam o presidente, mas não revelaram os nomes. Sobre o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, Omar Aziz contou que os senadores lhe faziam perguntas e ele dizia que não sabia, pois havia acabado de chegar ao Ministério da Saúde.

Na entrevista, Aziz comparou os depoimentos dos ex-ministros da Saúde e do atual com o depoimento do presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que mesmo não estando no dia a dia do Ministério da Saúde, citou nomes que Mandetta não revelou, como o da doutora Nise Yamagushi e do ministro Braga Netto. Para Aziz, Mandetta sabia que essas pessoas se reuniam com Jair Bolsonaro.