No domingo (16), o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, afirmou que “miliciano” classifica como “vagabundo” todas as pessoas que o enfrenta. A declaração foi dada em relação à discussão que ele teve com o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na quarta-feira (12).
Defesa
O primogênito do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não faz parte da comissão parlamentar de inquérito que investiga as ações e eventuais omissões do Governo federal na pandemia do coronavírus. Contudo, Flávio esteve presente na última quarta-feira na comissão para sair em defesa do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten, que estava prestando depoimento naquele dia.
Wajngarten prestou um depoimento repleto de contradições e irritou alguns senadores que queriam que ele saísse do depoimento preso. Entre os senadores que defendiam voz de prisão para o depoente estava o relator da CPI, Renan Calheiros.
Flávio então pediu a palavra e afirmou que seria uma situação estranha "um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como Renan Calheiros". Após a fala do senador, filho do presidente, houve tumulto na sessão, e Calheiros, além de devolver o insulto, mencionou o caso do escândalo da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) em que Flávio está sendo investigado.
"Eu aproveito a oportunidade para falar daquele episódio do xingamento de vagabundo. Isso é uma coisa da cultura do Rio de Janeiro.
As pessoas que moram no Rio de Janeiro sabem que o miliciano tem uma cultura diferente. Ele nunca considera que é criminoso, que está cometendo dano à vida das pessoas, que está traficando, não. Ele acha que não é criminoso e considera que é vagabundo toda a pessoa que o enfrenta", disse Renan em entrevista à GloboNews neste domingo (16).
Em seu período como deputado estadual no Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro empregou em seu gabinete a mãe e a esposa de um suspeito de ser integrante de uma milícia no Rio. Flávio ainda fez homenagens a supostos milicianos.
Na entrevista, Renan Calheiros ainda criticou o comportamento do governo Bolsonaro nos trabalhos da CPI.
O senador afirmou que o governo federal não possui argumentos, “vive de xingar” e tenta diminuir o trabalho que está sendo feito na comissão.
Ainda sobre a desavença com Flávio Bolsonaro, Renan Calheiros disse que o 01 chegou à CPI da Covid “apavorado” naquele dia e que o motivo dele ter xingado o relator da comissão foi para que Jair Bolsonaro pudesse postar o bate-boca. O presidente da República compartilhou em suas redes sociais o vídeo em que o filho ofendia Calheiros.
Carlos Bolsonaro
Na entrevista à Globonews, o senador alagoano também comentou sobre outro filho do presidente Bolsonaro, o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos). De acordo com o CEO da Pfizer, Carlos Bolsonaro esteve em uma reunião no Palácio do Planalto sobre imunizantes da empresa farmacêutica.
"O que nós precisamos agora, depois das confirmações em relação a sua participação no gabinete das sombras, é quebrar o sigilo dessa gente toda para que a investigação também nessa direção, efetivamente, comece a andar. Em sendo, mais adiante, necessária a sua convocação, nós vamos convocá-lo [Carlos Bolsonaro]. Eu defendo que seja convocado", afirmou Renan.