Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo e segundo candidato mais votado na eleição presidencial de 2018, foi entrevistado nesta sexta-feira (21) no canal do YouTube do DCM (Diário do Centro do Mundo).
Encontro de ex-presidentes
Haddad iniciou a conversa comentando a respeito do encontro desta semana entre o ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista aprovou a iniciativa. "Eu sempre fui da tese, e não apenas da tese, mas da prática de manter pontes com nossos adversários, desde que fossem democráticos.
Eu cultivava isso porque eu intuía que um dia o Brasil ia precisar que os democratas compreendessem as ameaças que sempre pairam no ar contra a democracia brasileira. A democracia brasileira não é uma coisa consolidada. Basta pegar de 1930 para cá. Estamos falando de quase 100 anos, e mesmo na República Velha, a quantidade de pessoas que podiam votar, o cerceamento do direito à cidadania, nós nunca tivemos uma democracia consolidada", explicou.
Para o político, desde que se respeitem, as divergências são saudáveis dentro do campo democrático. "Eu sempre fui da tese de que cultivar a democracia é cultivar também o respeito ao adversário. Você diverge, você discorda, é bom que seja assim, não ter partido único no país, que é outro pressuposto da democracia, que haja diferenças.
Que essas diferenças estejam em disputa, mas que o clima democrático prepondere sobre qualquer outro", disse.
Bolsonarismo
Fernando Haddad lamentou a chegada de Jair Bolsonaro (sem partido) ao cargo de presidente da República. "Sobretudo depois de 2013, em que o [Geraldo] Alckmin [PSDB] era governador [de São Paulo] e eu era prefeito [da capital].
Nós chegamos a manter conversas, que nós vislumbrávamos a possibilidade de uma instabilidade institucional, que veio a resultar na eleição de uma pessoa sem nenhum compromisso democrático que é o Bolsonaro. Eu esperava que eu fosse colher os frutos dessa minha pré-disposição em 2018, quando eu não era o candidato a presidente, era o Lula, eu era o candidato a vice-presidente e tive que assumir a cabeça de chapa em função da violência que foi cometida contra ele", reclamou.
Tem se fomentado no meio político a criação de uma frente ampla contra o presidente Bolsonaro para disputa das eleições de 2022 e Fernando Haddad acredita que isso possa resultar numa vitória nas urnas contra o bolsonarismo. "Infelizmente, o Brasil foi levado a essa situação desesperadora de ter um governo completamente incapaz e com esse impulso, esse ímpeto de produzir a destruição. Chegamos à conclusão de que isso era evitável e de que isso pode ser superado em 2022", afirmou.