A CPI da Covid objetiva investigar eventuais omissões do poder público em políticas e demais ações durante o enfrentamento da pandemia provocada do novo coronavirus . O presidente do Senado Federal acatou a solicitação de abertura do inquérito, e Renan Calheiros (MDB-AL) foi definido como relator da comissão. Os trabalhos da CPI começaram em maio deste ano, e um dos primeiros a prestar depoimento seria o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Entretanto, o general alegou contato com pessoas contaminadas pelo novo coronavírus e seu depoimento foi adiado para esta última quarta-feira (19).
Ele também retornou nesta quinta- feira (20) para prosseguir com suas explicações para os questionamentos do relator Renan Calheiros.
Pazuello entra em contradição
O representante da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, também esteve presente no Senado e deu informações importantes para os andamentos dos trabalhos da CPI. O executivo da fabricante de vacinas afirmou que a empresa tentou contato com o Governo federal diversas vezes e que foi recusado um acordo que envolvia 70 milhões de doses para o Brasil.
Os parlamentares questionaram Eduardo Pazuello sobre esse acordo, e o militar respondeu que lhe foi recomendado recusar o contrato com a fabricante. Ele afirmou que a indicação foi feira pelo Tribunal de Contas da União.
O TCU, que é responsável por fiscalizar gastos da administração pública no geral, informou publicamente que não interferiu no processo de negociação dos imunizantes da Pfizer.
Pazuello é acusado de mentir
O jornalista da rádio BandNews FM Reinaldo Azevedo repercutiu tal acontecimento e acusou Eduardo Pazuello de mentir em flagrante na CPI.
Depois do segundo dia de depoimento, o relator Renan Calheiros também comentou as declarações do general. "Campeão das mentiras", disse o parlamentar. Ele afirmou que o ex-ministro mentiu ou entrou em contradição cerca de 14 vezes durante o depoimento à CPI.
Um manda, o outro obedece
Além disso, Pazuello evitou falar sobre os posicionamentos do presidente da República em relação ao lockdown, uso de máscaras, medidas restritivas e cloroquina.
Tal postura pode objetivar a blindagem de Jair Bolsonaro. O líder do governo federal costuma criticar as medidas de isolamento impostas por prefeitos e governadores, além de ter estimulado em diversas ocasiões o uso de medicamentos sem comprovação científica para o tratamento da Covid-19.
Pazuello também disse que Bolsonaro não ordenou cancelar um acordo para a compra de 46 milhões de doses da vacina Coronavac, sendo que, na época, o presidente havia declarado publicamente que não tinha a intenção de comprar a vacina. "Já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós", disse na ocasião Jair Bolsonaro, um dia após o Ministério da Saúde ter anunciado o fechamento do acordo com o Instituto Butantan.